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Perda de metade de audiência não fez a Difusora perder força |
A Rádio Difusora se vangloria de permanecer liderando audiência em Itabuna e alguns dos seus locutores, chegam a achincalhar e desdenhar à concorrência. Mas uma breve pesquisa revela, que não há muito o que comemorar, diante dos percentuais atuais, para o que já teve no passado a emissora. Quinze anos depois, quando tinha 58,78%, a rádio Difusora conheceu esta semana os números atuais da audiência em Itabuna. De acordo com o levantamento foi feito pela Sócio Estatística, mesma empresa que pesquisou a audiência do rádio itabunense em 1999, a Rádio Difusora tem, hoje, 24%, Jornal 7% e Nacional 0,8%. Àquela época, a Difusora ganhava, inclusive, das FMs Morena, Sul e Musical. Atualmente, lidera somente entre as AMs. A queda vertiginosa atingiu também as rádios Jornal, que tinha 26% e a Clube (atual Nacional) que tinha 12,2%. Estes numeros revelam, que a Difusora se mantém na liderança, perdendo ouvintes e que a Jornal e a Nacional perderam percentuais, sem ganharem ouvintes. Portanto, todas perderam e perderam muito. CAUSAS - O que fez as rádio perderem ouvintes? Esta pegunta tem várias respostas: falta de renovação no quadro de profissionais e exaustão de quem está há mais de 15 anos no ar; a internet que faz milhões de pessoas passarem o tempo todo com whatsapp, instagram, twitter, facebook, skipe e outros; a falta das emissoras se envolverem mais em eventos públicos e promoverem programas de participação popular; até os aparelhos de rádio estão contribuindo para o afastamento do rádio-ouvinte. O rádio, contudo, é o segundo meio de comunicação mais utilizado pela população brasileira (61% fazem isso), como mostra recente pesquisa do Ibope, realizada a pedido da Secretaria de Comunicação da Presidência da República. Só perde para a TV que é vista regularmente por 97% dos brasileiros. A atenção e as críticas feitas à TV são justas, proporcionais a sua abrangência. Com relação ao rádio, no entanto, a força é subestimada. Como o gato, que dizem ter sete vidas, a resistência do rádio é histórica. Com transistores e FMs contornou, no passado, a concorrência da TV e, mais recentemente diante da internet incorporou-se a ela ganhando alcance global, sem os velhos chiados das ondas curtas. Se tecnologicamente o rádio evoluiu, o mesmo não se pode dizer relação ao seu conteúdo. Entregue ao controle de empresas comerciais, acaba prestando reduzidos serviços à população. Ao corrermos o dial em qualquer rádio sulbaiana, por exemplo, temos raras opções de qualidade. Ouvimos pregações religiosas, anúncios de medicamentos milagrosos, músicas de gosto duvidoso, noticiários que misturam jornalismo com propaganda política disfarçada e embaladas pelo famoso jabá, ressalvando-se as exceções de praxe representadas, quase sempre, por profissionais abnegados e paixonados pela função que exerce. Nem sempre foi assim. Sem TV, o rádio reinou soberano até um pouco depois da metade do século passado, com as grandes orquestras, os programas musicais, as coberturas esportivas e as notícias em tempo real. Sem dúvida esse poder encolheu mas não desapareceu e a força das três Rádios itabunenses revela este fato. Os chamados comunicadores populares da Difusora, Jornal e Nacional, falam para milhares de pessoas todos os dias e o dia todo, em várias cidades sulbaianas. Em linguagem coloquial decodificam para o seu público os textos estampados nos grandes jornais impressos, geralmente acompanhando e enaltecendo as opiniões invariavelmente conservadoras neles publicadas. O subproduto dos engarrafamentos de trânsito, rotineiros em cidades como Itabuna e Ilhéus e os acontecimentos esportivos e policiais, são o aumento da audiência do rádio. Em busca de notícias, o sulbaiano ouvindo também comentários sobre variados assuntos, com destaque para aqueles frequentes nos quais a cidade é sempre apresentada como se estivesse à beira do abismo. Mas a importância das rádios Difusora, Jornal e Nacional, numa região como a nossa, não fica por aí. Em época de tablets e facebooks, as velhas cartinhas escritas à mão ainda chegam por exemplo, através do correio, aos seus estúdios e fazem Rivamar "por muita gente debaixo do jegue"; Ciro Sales pedri penitências e Jajau mandar seus alês e abraços para velhos ouvintes. Solicitam músicas mas também pedem que sejam dadas notícias sobre a chegada de parentes, remédios ou de outras encomendas que circulam na região. A abrangência territorial e cultural do rádio evidencia o poder do seu papel político-eleitoral. Seus controladores fazem política todos os dias, a todas as horas, só existindo dois momentos de trégua. Um diário, ocupado pela Voz do Brasil, e outro sazonal, representado pelo horário eleitoral obrigatório que antecede as eleições.