Na campanha, ouvíamos muito a repetição de que a atual gestão sonhava em viver “na Ilhéus que a Sucom mostrava”. Pois é, ironia do destino: hoje dá mesmo vontade de morar naquela Ilhéus que da Sucom do passado. Pois a atual quase não mostra nada e nem estou falando que é culpa dela não. Mas que antes havia uma equipe que se jogava, registrava, contava histórias, criava desejo de cidade. E agora, quando aparece alguma postagem, é tão esparsa e… (melhor parar por aqui) que a gente até precisa conferir duas vezes para ver se está no perfil institucional mesmo ou, na página oficial.
Enquanto isso, a
gestão inteira parece ter se especializado em um único refrão: “a culpa é do
passado”. Dívida bilionária, contas bloqueadas, herança maldita. Tudo verdade,
ninguém duvida do estrago. Mas até quando essa vai ser a narrativa oficial?
Quantas capinas de praça e pinturas de meio-fio cabem nesse enredo? O argumento
tem virado desculpa automática.
E, por falar em
passado, 2017 não foi um mar de rosas não e olha que eu estava vendo tudo do
lado de quem governa hoje. A prefeitura também foi entregue em desmoronamento,
com greves imparáveis, servidores desvalorizados, mas, ainda, sim, sendo
destaque na Globo. Tudo bem, não pelo cacau renascendo, mas pelos horrores do
abandono. Quem herdou aquele caos, governou sem confete e, pouco a pouco,
reorganizou a casa. Agora, curioso é lembrar que lá em 17, o governo foi recebido
por uma das atuais mentes pensantes (digamos que o guru intelectual e
estratégico do nosso astro do axé), que tinha a experiência de quatro mandatos.
Talvez por isso a
ausência de respostas pese tanto. Lembro-me de projetos bem interessantes desse
guru, como o ”Viva o Morro”, por exemplo, mas não vi os jovens mandatários
atuais subirem uma escadaria que fosse, só para ver se tudo continua bem. Um
pouco mais recente, via o excedente da produção da Agricultura Familiar sendo
comprada pelo município, por dois PAA's (Programas de Aquisição de Alimentos),
um estadual e outro federal, que garantia a venda dos produtores e o melhor,
uma alimentação saudável para diversas instituições filantrópicas municipais. A
educação também tinha um programa parecido. Não estou falando que eles não
existam, mas também, queria saber se continuam existindo. Assim como postos de
saúde estratégicos, que tinham horários estendidos até às 22 horas e até
depoimento de agradecimento como o do grande empresário Sultão, que precisou
recorrer ao da Princesa Isabel, em certa história que ele trouxe a público.
Mutirões de saúde nos distritos e bairros rurais distantes, inclusive com
realização de consultas e exames e até o apoio aos eventos culturais locais,
importantes para nossa população e que me parece, não estão acontecendo mais
ou, da forma que se propunham.
Quero muito estar
errado e receber, nos próximos dias, uma enxurrada de respostas até criticando
esses questionamentos – sempre com a educação que nos cabe e o adverso no permite,
não é mesmo. Outra curiosidade e essa é grande, é sobre o PAC (Plano de
Aceleração de Crescimento), do Governo Federal, mas que já havia sido aprovado
no último ano, na verdade, dois deles, o de macrodrenagem - que ajudaria e
muito a resolver nossos problemas de enchentes - e, o de encostas - uma grande
segurança para os milhares de moradores dos morros e altos, que, justiça seja
feita, graças ao trabalho exemplar da nossa Defesa Civil, vivem com um pouco
mais de tranquilidade, mas que estão longe do ideal.
São dúvidas que
logo ali atrás, começaram a ser respondidas, mas que hoje, voltaram a tornar-se
míseras interrogações e aquela esperança ruim, de termos que ter paciência e
esperar, sem saber bem o quê. Porém, enquanto essas indagações se acumulam, uma
coisa me chamou muita, mas muita atenção nos noticiários destes últimos dias.
Uma notícia sobre a abertura de licitação de 14 milhões de reais para serviços
gráficos. Isso procede mesmo? Caso, sim, essa é a real prioridade? Preciso ler
a justificativa, mas sei que compreende papel timbrado, brindes, material
promocional, etc. Sei como essas coisas funcionam, mas não sei se 14 milhões,
em tempos de vacas tão magras, pode ser justificado ou disfarçado de alguma
forma.
Talvez valha a
sugestão: que tal usar uma fração dessa verba para lançar uma revista, um
informe especial, mostrando o que foi realmente feito? Assim o povo para de
achar que a grande marca do governo se resume a capinar praças, pintar
meio-fios e mudar os rumos do trânsito. Quem sabe, no papel cuchê, as ações
ganhem o brilho que a cidade, ao vivo, ainda espera ver.
Ilhéus não precisa de panfleto bem diagramado, mas de governo presente. E, se a atual Sucom não consegue vender uma cidade que desperte vontade de morar, não é porque ela não trabalha não, mas sim, porque ela depende do trabalho dos outros. Talvez seja a hora de, ao menos, contar ao cidadão o que anda sendo feito - antes que a Ilhéus do passado continue parecendo mais real do que a de hoje. Por Emenson Silva.
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