A REDE Sustentabilidade enfrenta nova crise interna após denúncias de irregularidades em processo de filiação na Bahia durante os preparativos para seu 6º Congresso Nacional. Documentos obtidos pela apuração indicam a realização de filiações em massa no estado entre novembro e dezembro de 2024, prática que viola o estatuto partidário. As irregularidades, que envolvem uso de documentos sem consentimento, beneficiaram politicalmente a chapa ligada à ex-senadora Heloísa Helena.
CONTEXTO
DAS DENÚNCIAS - A REDE Sustentabilidade possui histórico de disputas internas
judicializadas. Um caso emblemático envolve a filiada Natália Monteiro, que em
2019 obteve vitória em primeira instância ao denunciar irregularidades em
conferência municipal no Rio de Janeiro. Em 2025, novo processo de sua autoria,
também no Rio de Janeiro, aponta novas ocorrências de irregularidades,
ampliando o histórico de contendas judiciais no partido. Na Bahia, as denúncias
partiram de diferentes fontes internas do partido.
DINÂMICA
DAS RELAÇÕES:
1.
Perfis dos Beneficiários - Marcelo Carvalho Lavigne, sindicalista e
recém-filiado ao partido, foi eleito para presidir a executiva estadual da REDE
na Bahia. A chapa por ele liderada, ligada à ex-senadora Heloísa Helena,
beneficiou-se do volume atípico de filiações registradas no estado. Lavigne é
irmão de Magno Lavigne, que ocupa cargo no Ministério do Trabalho do governo
federal.
Em
âmbito nacional, a chapa majoritária, igualmente ligada a Heloísa Helena,
consolidou seu controle sobre a estrutura partidária. Como resultado do
processo, grupos políticos ligados à ministra Marina Silva tiveram sua
representatividade significativamente reduzida dentro da legenda.
2.
Contexto das Filiações - Conforme relatos de fontes internas, lideranças de
movimentos sociais e ligadas ao PT, como um ex-candidato a vereador em
Salvador, operaram como interface entre a organização popular e a estrutura
partidária. Próximas ao governo estadual, estas lideranças organizaram
encontros onde teriam solicitado que participantes comparecessem vestindo
trajes de cor vermelha, enquanto documentos eram coletados. Diversas pessoas
alegaram ter cedido documentos unicamente para cadastro habitacional, relatando
nunca terem se filiado ao partido REDE nem comparecido à conferência municipal.
3.
Irregularidades em Ilhéus - Evidências documentais demonstram irregularidades
específicas no município de Ilhéus. Das 3 mil filiações realizadas em bloco na
Bahia, 126 foram registradas em Ilhéus, configurando violação do Estatuto
partidário, que caracteriza como infração ética e disciplinar "a promoção
de filiações em bloco que objetivem o predomínio de pessoas ou grupos estranhos
ou sem afinidade com a REDE" (Arts. 145, XIII e 149, IX). Deste total,
significativa parcela apresenta comprovação de realização sem consentimento.
Vítimas relataram nunca terem participado da conferência, apesar de constarem
com suas assinaturas falsificadas em lista de presença. O evento foi realizado
na Igreja Assembleia de Deus - Vivendo com Cristo, em Ilhéus, usando da
credibilidade divina e da fé religiosa dos participantes, local que segundo
participantes teria criado ambiente de constrangimento que silenciou potenciais
denúncias.
RESULTADO
DO PROCESSO - A comissão eleitoral do congresso, composta integralmente por
aliados de Heloísa Helena, validou as etapas municipais, incluindo as de
Ilhéus. Os delegados eleitos nesse processo foram decisivos para eleger a chapa
presidida por Marcelo Carvalho Lavigne na Bahia e garantir a vitória da chapa
majoritária a nível nacional. O período das filiações, concentrado em novembro
e dezembro de 2024, antecedeu diretamente as etapas municipais, realizadas
próximas às filiações, que por sua vez precederam o congresso nacional
executado nos dias 11, 12 e 13 de abril de 2025, beneficiando as chapas ligadas
a Heloísa Helena.
CONCLUSÃO - Este cenário levanta questões urgentes sobre a autonomia das agremiações partidárias e a integridade de processos internos. As denúncias de uso indevido de documentos e o padrão de beneficiários específicos sugerem necessidade de aprofundamento das investigações. A sociedade acompanha com atenção estes movimentos que, baseados nos relatos e documentos, parecem buscar o controle de espaços políticos através de mecanismos que desafiam a ética e a legalidade.
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