A JUSTIÇA ESTÁ FRATERNA COM O QUE HÁ DE PIOR EM EUNÁPOLIS E ISTO CONFUNDE O ELEITORADO!
Por que os eunapolitanos abominam os políticos corruptos e frequentemente os elegem? Por que algumas pessoas apoiam e pretendem votar em Robério Oliveira (PSD), mesmo depois de ele ter sido preso por ser um dos líderes da Quadrilha dos Fraternos, que furtou mais de 200 milhões de reais dos cofres públicos municipais?
É fácil
perceber que ele cumprirá o que promete na campanha: “Implementarei políticas
para mulheres, para jovens e também para a família”. Mais uma expressão do
sistema hiperviciado, que criou um método de governo com um lado monstruoso
caracterizado pela cleptocracia (gestão cogovernada por ladrões do dinheiro
públcio).
O “paradoxo
do eunapolitano” é uma provocação à lógica. Não há ninguém na cidade que não
esteja indignado com “tudo o que fez a Quadrilha dos Fraternos” (corrupção,
roubalheira nos órgãos públicos, financiamentos eleitorais indecentes,
prevaricação, concussão, malversação etc.). Os padrões de convivência
civilizada sempre estão deteriorados. O moderno convive com o arcaico.
O eunapolitano
anda descontente, angustiado, indignado e revoltado com a história de
corrupção, com os políticos desonestos, com as falsas promessas, fisiologismo
(troca de favores e benefícios), abastecimento de trios elétricos com recursos
da Prefeitura e tantas outras coisas. Mas alguns entre os eleitores de
Eunápolis, não se envergonham em apoiar e votar em candidatos corruptos.
Todos com
quem conversamos querem mais ética e mais justiça, menos perseguição a
servidores públicos, mais igualdade, mais eficiência no serviço governamentais;
mais ordem, mais segurança, mais postos de saúde, mais médicos. Cada um de nós
protesta, reclama, amaldiçoa, abomina, critica. Mas Robério ainda agrada parte
dos eunapolitanos!
Individualmente
não há quem concorde com “nada do que esteve aí”. Todos possuem a crença e o
sentimento de que são pessoalmente muito melhor do que essa bandalheira que
grassa pela história da cidade. Ninguém aceita, ninguém está de acordo com o
mar de lama, o deboche e a vergonha da vida pública e comunitária que nos
aflige e nos foi imposta por Robério e seus comparsas.
Pessoalmente
(e no plano dos discursos: orais ou nas redes sociais) são (e vendem) a imagem
do que gostariam de ser (honestos, probos, íntegros, avançados, progressistas,
amistosos, cordiais etc.). Discursam sempre de acordo com essa imagem.
Coletivamente não são nada (ou são muito pouco) dessa imagem que gostariam de
ser.
É por isso
que o todo é muito menos que a soma das partes. Se o produto final (todos como
um todo) é horroroso, indecente, indolente, mal-afamado (a classe política nada
mais é que uma síntese ou espelho da sociedade em sua universalidade humana),
como isso pode acontecer, se nos discursos são éticos, exemplares, leais,
cordiais e probos?
Por que discursam
como sérios, éticos e honestos e a sociedade como um todo é, em termos
civilizatórios, tão indecente, tão aberrante, tão igual ao que julga mal? Por
que discursam e bradam por honestidade e elegem Cláudia Oliveira, Lula e tantos
outros políticos declaradamente desonestos?
Discursam
como gostariam de ser (mas agem de outra forma). Todos discursam em favor da
honestidade, mas votam para que a política seja exercida por ladrões do
dinheiro público. Diga-se a mesma coisa em relação à má distribuição da renda,
à desigualdade, à impunidade: todos discursam contra, mas se comportam para que
nada mude. Uma coisa é o discurso, outra é a realidade (que segue seu curso no
contrafluxo de todos os discursos). Os protestos passam, os padrões de conduta
ficam.
Discursam
como se fossem o que gostariam de ser. Esse auto-engano chega ao grau mais
sofisticado de toda fantasia moral (e ética) quando acreditam naquilo que acham
que são (de tanto repetir regras, códigos, preconceitos, maledicências,
repugnâncias, refutações, verberações, acabam acreditando que são o que
enunciam: honestos, impolutos, probos, irretocáveis etc.).
É
precisamente esse o fenômeno que se passa com os eleitores frente aos políticos
como Robério: repetem tanto que eles são desonestos, corruptos, improbos, que
acabam acreditando que são o oposto deles. Na hora do voto, no entanto, elegem
os mesmos corruptos de sempre. Falam de alguém que desejam ser (éticos,
impolutos, honestos) como se fossem.
Quando as
pessoas acreditam em alguma coisa, dão vida para essa coisa, ainda que ela seja
falsa e irracional. Todos (com pouquíssimas exceções) adoram legislar, normar,
julgar, classificar, criar regras, criticar, censurar, reprovar, para se sentirem
do lado do bem, dos “certos”. Mas tudo isso está no plano dos discursos ou, no
máximo, da criação de uma norma “para os outros”.
Nossa ação,
no entanto, nem sempre corresponde ao que discursam. A prova disso é o quanto
criticaram Cláudia Oliveira (Um bilhão eu fico) e o quanto a elegeram. Sabendo
disso é que os políticos têm maior complacência com as críticas contra sua
honorabilidade. Sabem da malícia. Sabem que o crítico que critica, em regra, é quem
ele gostaria de ser, não o que ele é. Sabem que o inquisidor (e o moralista)
vende uma auto-imagem que não corresponde à realidade. Quem discursa, muitas
vezes, é a sombra (não a pessoa verdadeira).
Tanto é verdade que quando esse crítico vai votar acaba elegendo precisamente os políticos que ele criticara. Quantos não criticaram Robério e pretendem votar nele? O político experiente sabe de tudo isso. Ele despreza a sombra que fala, para cultuar o verdadeiro humano que está por detrás de quem fala. Quem discursa é o lado falso. Quem vota é o lado verdadeiro. O falso é crítico, é censurador. O verdadeiro é o que elege o corrupto. Para discernir sobre estes fatos, basta entender que o humano é homo sapiens!
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