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22 de setembro de 2024

O REFLEXO DE ROBÉRIO NO ESPELHO DO SEU ELEITOR

A JUSTIÇA ESTÁ FRATERNA COM O QUE HÁ DE PIOR EM EUNÁPOLIS E ISTO CONFUNDE O ELEITORADO!

Por que os eunapolitanos abominam os políticos corruptos e frequentemente os elegem? Por que algumas pessoas apoiam e pretendem votar em Robério Oliveira (PSD), mesmo depois de ele ter sido preso por ser um dos líderes da Quadrilha dos Fraternos, que furtou mais de 200 milhões de reais dos cofres públicos municipais?

É fácil perceber que ele cumprirá o que promete na campanha: “Implementarei políticas para mulheres, para jovens e também para a família”. Mais uma expressão do sistema hiperviciado, que criou um método de governo com um lado monstruoso caracterizado pela cleptocracia (gestão cogovernada por ladrões do dinheiro públcio).

O “paradoxo do eunapolitano” é uma provocação à lógica. Não há ninguém na cidade que não esteja indignado com “tudo o que fez a Quadrilha dos Fraternos” (corrupção, roubalheira nos órgãos públicos, financiamentos eleitorais indecentes, prevaricação, concussão, malversação etc.). Os padrões de convivência civilizada sempre estão deteriorados. O moderno convive com o arcaico.

O eunapolitano anda descontente, angustiado, indignado e revoltado com a história de corrupção, com os políticos desonestos, com as falsas promessas, fisiologismo (troca de favores e benefícios), abastecimento de trios elétricos com recursos da Prefeitura e tantas outras coisas. Mas alguns entre os eleitores de Eunápolis, não se envergonham em apoiar e votar em candidatos corruptos.

Todos com quem conversamos querem mais ética e mais justiça, menos perseguição a servidores públicos, mais igualdade, mais eficiência no serviço governamentais; mais ordem, mais segurança, mais postos de saúde, mais médicos. Cada um de nós protesta, reclama, amaldiçoa, abomina, critica. Mas Robério ainda agrada parte dos eunapolitanos!

Individualmente não há quem concorde com “nada do que esteve aí”. Todos possuem a crença e o sentimento de que são pessoalmente muito melhor do que essa bandalheira que grassa pela história da cidade. Ninguém aceita, ninguém está de acordo com o mar de lama, o deboche e a vergonha da vida pública e comunitária que nos aflige e nos foi imposta por Robério e seus comparsas.

Pessoalmente (e no plano dos discursos: orais ou nas redes sociais) são (e vendem) a imagem do que gostariam de ser (honestos, probos, íntegros, avançados, progressistas, amistosos, cordiais etc.). Discursam sempre de acordo com essa imagem. Coletivamente não são nada (ou são muito pouco) dessa imagem que gostariam de ser.

É por isso que o todo é muito menos que a soma das partes. Se o produto final (todos como um todo) é horroroso, indecente, indolente, mal-afamado (a classe política nada mais é que uma síntese ou espelho da sociedade em sua universalidade humana), como isso pode acontecer, se nos discursos são éticos, exemplares, leais, cordiais e probos?

Por que discursam como sérios, éticos e honestos e a sociedade como um todo é, em termos civilizatórios, tão indecente, tão aberrante, tão igual ao que julga mal? Por que discursam e bradam por honestidade e elegem Cláudia Oliveira, Lula e tantos outros políticos declaradamente desonestos?

Discursam como gostariam de ser (mas agem de outra forma). Todos discursam em favor da honestidade, mas votam para que a política seja exercida por ladrões do dinheiro público. Diga-se a mesma coisa em relação à má distribuição da renda, à desigualdade, à impunidade: todos discursam contra, mas se comportam para que nada mude. Uma coisa é o discurso, outra é a realidade (que segue seu curso no contrafluxo de todos os discursos). Os protestos passam, os padrões de conduta ficam.

Discursam como se fossem o que gostariam de ser. Esse auto-engano chega ao grau mais sofisticado de toda fantasia moral (e ética) quando acreditam naquilo que acham que são (de tanto repetir regras, códigos, preconceitos, maledicências, repugnâncias, refutações, verberações, acabam acreditando que são o que enunciam: honestos, impolutos, probos, irretocáveis etc.).

É precisamente esse o fenômeno que se passa com os eleitores frente aos políticos como Robério: repetem tanto que eles são desonestos, corruptos, improbos, que acabam acreditando que são o oposto deles. Na hora do voto, no entanto, elegem os mesmos corruptos de sempre. Falam de alguém que desejam ser (éticos, impolutos, honestos) como se fossem.

Quando as pessoas acreditam em alguma coisa, dão vida para essa coisa, ainda que ela seja falsa e irracional. Todos (com pouquíssimas exceções) adoram legislar, normar, julgar, classificar, criar regras, criticar, censurar, reprovar, para se sentirem do lado do bem, dos “certos”. Mas tudo isso está no plano dos discursos ou, no máximo, da criação de uma norma “para os outros”.

Nossa ação, no entanto, nem sempre corresponde ao que discursam. A prova disso é o quanto criticaram Cláudia Oliveira (Um bilhão eu fico) e o quanto a elegeram. Sabendo disso é que os políticos têm maior complacência com as críticas contra sua honorabilidade. Sabem da malícia. Sabem que o crítico que critica, em regra, é quem ele gostaria de ser, não o que ele é. Sabem que o inquisidor (e o moralista) vende uma auto-imagem que não corresponde à realidade. Quem discursa, muitas vezes, é a sombra (não a pessoa verdadeira).

Tanto é verdade que quando esse crítico vai votar acaba elegendo precisamente os políticos que ele criticara. Quantos não criticaram Robério e pretendem votar nele? O político experiente sabe de tudo isso. Ele despreza a sombra que fala, para cultuar o verdadeiro humano que está por detrás de quem fala. Quem discursa é o lado falso. Quem vota é o lado verdadeiro. O falso é crítico, é censurador. O verdadeiro é o que elege o corrupto. Para discernir sobre estes fatos, basta entender que o humano é homo sapiens!

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