A relação de verdade entre alguns radialistas é pautada pelos jabás e ordens advindas da direção da emissora. E para quem não sabe o que é Jabá no Rádio, explico que é algo igual a "caixa dois"; é o que é pago "por fora". Lamentável é saber que não há lógica na conduta de radialista, que ainda não entendeu o papal que cabe a quem opera comunicação.
Os jabazeiros recebem contrapartida para expressar o que imagina ser melhor para formar opinião, informar e conscientizar, que pode ser uma quantia em dinheiro, uma viagem, ou um bem material que lhe agrade. Todavia, regra básica no Radialismo é jamais aceitar esses mimos. No círculo político e governamental, jabazeiro é visto como picareta.
Entre os radialistas, a cultura é outra. Há neles alguns que até defendem abertamente o direito de submeter o conteúdo a interesses comerciais. Argumentam que, sendo o programa de rádio dele, é ele quem faz o que bem entender. Uma linha complementar de defesa é assumir que não tem o compromisso de informar de maneira neutra. Abre mão, portanto, da imparcialidade, que na comunicação profissional é a base de tudo. Em tese, ao receber o Jabá, o radialista trai esse princípio.
A prática do jabá é comum entre radialistas ruins, que deveria ser rechaçada pelo sindicato, com código de ética informal, segundo o qual a transparência separa os honestos dos picaretas. O radialista honesto é aquele que deixa claro que há patrocínio naquele comentário, ou outro tipo de conteúdo de sua autoria. Quando se tem essa postura, o rádio-ouvinte entende que um elogio não-patrocinado é opinião do radialista mesmo, pois em outras palavras, transparência gera confiança.
O picareta, por sua vez, tenta ludibriar o público. Fala aparentemente neutro, informações patrocinadas e tendenciosas. É habilidoso em sua parcialidade. Disfarça bem suas pretensões malandras e o ouvinte acredita. Os problemas não se limitam a separar os radialistas que seguem esse código informal de conduta dos que o violam. E sim o fato de que a mentira é muito mais atrativa!
Em círculos políticos, são frequentes as abordagens sobre a falta de credibilidade de alguns radialistas. Por que muitas pessoas não levam radialistas a sério?”. Essa é uma pergunta-lamentação feita por grande parcela da sociedade. Talvez a explicação esteja na falta de preocupação com o público, que, em última análise, é quem paga toda essa conta.
Ainda falta entender se o jabá é aceito no radialismo por não representar uma afronta aos ouvintes ou se, em vez disso, é praticado por ser uma interessante fonte de receita. Se a segunda opção for verdadeira, a pergunta futuramente talvez vá girar em torno do fim das verbas para essa finalidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente no blog do Val Cabral.