Há uma regra básica em economia: só existe comércio se houver demanda pelo produto ofertado. Isso vale tanto para alimentos, por exemplo, quanto para drogas. Itabuna tem mostrado a aplicação desse princípio. O terror, os tiroteios frequentes, as mortes, as disputas territoriais refletem o interesse perverso pelo controle de um negócio altamente rentável.
A polícia age como a enxugar gelo. Sempre que um chefe do tráfico é preso ou morto, outro imediatamente o sucede. Enquanto houver consumo, não haverá maneira de neutralizar o comércio ilegal. Lá se vão muitos anos de tráfico de drogas em Itabuna e a situação não mudou, agravou-se até.
Enquanto muitos jovens experimentam momentos de paz e união proporcionado pela música, nos bares e boates da cidade, muita gente é detida por posse de entorpecentes e ouvem discursos emocionados sobre o caos instalado na maior cidade do sul da Bahia. “Isso tem que acabar”, dizem alguns; “não toleramos mais violência”, dizem outros... mas ninguém faz referência ao consumo de drogas.
É como se houvesse uma dissociação imperceptível entre se drogar e não querer saber a origem daquilo que está consumindo. As drogas consumidas financiam a compra das armas que tocam a música do terror cotidiano em Itabuna. É necessário estabelecer essa lógica, para pôr fim às manifestações hipócritas.
Todo trabalho feito para combater o tráfico será sempre nulo se o consumo continuar aumentando, e não se iludam: a cada dia surgem novos consumidores. Como então resolver esse problema? Conscientização parece ser a resposta. A imagem disseminada de viciados consumindo drogas espalhados pelas ruas só em parte é verdadeira.
A grande maioria usa drogas por recreação. São pessoas normais, com vidas estruturadas, que se indignam com a violência, que acham que bandido bom é bandido morto, mas que não internalizaram o dilema de que o seu “lazer” financia as armas, os assaltos, a prostituição... o crime.
São pessoas que reclamam das políticas públicas, dos programas sociais, do bolsa família, dos pobres que, segundo eles, são os culpados por tudo. Em Itabuna, há uma população honesta e trabalhadora, à mercê de facínoras sustentados por gente que apregoa ideias de radicalização, de extermínio até. Isso sim, tem que acabar.
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