As letras combinadas inteligentemente em palavras são uma das melhores armas para se fazer uma revolução pacífica. Na porção civilizada, tudo começa bem por meio das palavras, mesmo sendo ásperas, escorregadias, chocantes, duras ou afáveis, depende da intenção.
Podem ainda provocar guerra ou paz, amor ou ódio, mentira ou verdade. Claro que são conceitos permitidos conforme o uso das palavras. Antes, duravam o tempo de vida de uma pessoa. Palavra dada não precisava de cartório nem de reconhecimento de firma. Era uma questão de honra, dignidade e retidão manter a palavra dada. Elas foram evoluindo de acordo com a necessidade e o sucesso da palavra dita.
Criaram-se palavras para fazer negócios, vencer eleições e palavras para trocar afetos. Era preciso cuidado para não desperdiçá-las, de tão preciosas que eram. As crianças desde cedo aprendiam seu traquejo. Na intimidade, não precisavam ser por demasiado rebuscadas, já que eram misturadas com afagos. Com o avanço das tecnologias de comunicação, as palavras inundaram todos os cantos da Terra. Os diferentes jeitos de pronunciar palavras foram saindo dos seus territórios linguísticos.
Há muitas palavras boas soltas no ar. Há muitas palavras ruins no meio das pessoas. As palavras, como modo de expressar ideias, pensamentos, intenções, desejos, entre tantas outras manifestações da vontade, proporcionaram uma enorme evolução no mundo civilizado da sinergia humana, estabelecendo-se a diferença entre homem e animal. Essa arte dialógica foi um substituto e tanto para conter o ímpeto natural da agressividade.
Avançamos ainda mais com uma argumentação persuasiva e convincente com ares inteligentes, combinando letras e palavras em frases argumentativas e interrogativas sob a forma de textos, nos quais se tornam coletivamente mais democráticas. Palavras tem dons, cores, formas e intensidades, chegando ao ponto de tomarem o lugar das armas. O sentimento da palavra ficou com a poesia.
Os artistas reescreverem palavras escamoteadas. Uns esculpiam, outros musicavam e outros, ainda, pintavam com cores as palavras não ditas. Mas, no fim de séculos e séculos, nunca conseguiram silenciar ou desaparecer com a força das palavras. Até mesmo surdos e mudos inventaram um jeito de alimentar sua vida. Hoje em dia, a palavra perdeu sua magia transformadora. Sua face mais nobre de alimentar o ser perdeu sua importância para o ter.
Com a crise das palavras, segue a crise existencial do homem supermoderno. Ela toma forma assustadora quando não consegue reencontrar a palavra esperança. Dita ou calada, sempre será uma ótima fonte para melhorar a escultura existencial de cada um. Perdeu-se a beleza revolucionária das palavras e a coerência entre sua pronúncia e sua ação.
No que se ouve em algumas emissoras de rádio, quase não há como identificar a palavra sensata e honesta nas narrativas dos radialistas Frtarenos com o que existe de mais nocivo, prejudicial e astucioso na política. Sobra para a intuição de cada ouvinte resolver isso. O exegero de difamações, calunias e injuúrias na radiofonia de políticos de oposição, nos dão um bom indicativo do tamanho da crise das palavras, acrescidas por fake news instantâneas, que querem deformar as palavras consensuadas.
Nesse expressar de palavras mal pensadas, estamos desaprendendo os benefícios da boa conversa. Certamente, a pronúncia de uma palavra precisa de um certo tom de voz para se tornar convincente, senão vira letra morta. Rádios e radialistas sérios, éticos e honestos, fazem de tudo para manter o bom conteúdo das palavras. Vida longa a eles!
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