Umas das maneiras mais eficazes de encontrar a dita “paz interior” é através da meditação. Não é fácil, sabemos disso - trata-se de uma técnica milenar que deve ser exercitada para que seus benefícios sejam percebidos gradativamente, assim como qualquer outra. Na meditação, buscamos através da respiração e do silêncio dos pensamentos, nos voltar a nós mesmos e assim chegarmos a um estado onde o agora é o bastante e sentindo uma almejada serenidade e plenitude.
Pareceu exagerado? Talvez. Eu mesmo nunca percebi tais benefícios, salvo pequenos lampejos por breves minutos. Mas, os relatos daqueles que encontram-se num estágio mais avançado falam por si. Sim, nada como fechar-se em si mesmo para que o mundo nos afete o mínimo possível.
Todavia, é possível meditar em cima de um formigueiro? Como sentar num belo gramado e preparar o corpo e a mente para uma experiência de relaxamento e serenidade estando sobre um baita formigueiro?
Neste momento, tenho tentado levar uma vida alheio ao show de horrores da pandemia da Covid-19, ao terror transmitido em tempo real da guerra da Rússia e Ucrania, ao excesso de informações que nos chegam dos quatro cantos do planeta, para concentrar-me em meu microuniverso: família, amigos, trabalho, lazer, saúde, músicas, filmes, livros e o meu ateliê - ressalto que não é uma decisão egoísta ou alienada, mas sim de higiene mental e emocional. São muitas, muitas formigas que nos fustigam, picando incessantemente o nosso traseiro e nos trazendo de volta à realidade, não pelo amor, mas pela dor. As informações nos picam com seus ferrões afiados e nos provocam dor, inquietação e revolta - bastante até.
Então a resposta à pergunta é: não, não é possível meditar em cima de um formigueiro. Não tem como ignorar tantas mazelas adentrando em nossa mente através dos nossos olhos e ouvidos; permanecer calmo e feliz.
Então não custa nada antes de nos sentarmos na grama, colocarmos um providencial tapete espesso o suficiente para mantermos as benditas formigas bem longe de nós, para que possamos permanecer serenos, relaxados e imersos em nosso microuniverso. Ou como diria o sábio: “o mundão lá fora deve ser consumido e absorvido com providencial moderação”.
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