O imbróglio na composição da chapa majoritária governista, que já vinha se arrastando por muito tempo, que parecia estar caminhando para uma solução, ficou pior. Da confusão, se pode tirar duas inquestionáveis conclusões. A primeira, é que o relacionamento político entre o senador Jaques Wagner e o governador Rui Costa, que já não andava bem, degringolou de vez.
O criador e a criatura vão tentar mostrar, através de uma conversa, de um abraço, que está tudo bem, que continuam unidos, que tudo não passou de um oba-oba dos meios de comunicação.
Nesse pega-pega na base desalinhada, o que chamou atenção foi o “chega pra lá” do ex-presidente Lula, se afastando da confusão como o diabo da cruz. O presidenciável do PT, que foi o responsável-mor por todo o imbróglio, lavou às mãos. Ficou na dele. Deixou os “companheiros” a ver navios.
A segunda conclusão envolve a falta de confiança do lulopetismo no vice-governador João Leão, do PP, legenda aliada do bolsonarismo e imprescindível para o segundo mandato de Bolsonaro via instituto da reeleição. Deixar Leão no lugar de Rui Costa por nove meses, com a tinta da caneta passando a ser azul e não mais vermelha, causa arrepios no petismo.
O que preocupa o PT ligado a Rui Costa é o governador ficar sem mandato eletivo, que seria de oito anos como senador da República. E mais: sem a titularidade do prometido importante ministério, já que o “já ganhou” de Lula, dado como favas contadas, perdeu intensidade.
A única saída para resolver o gravíssimo impasse no governismo é tentar convencer o senador Otto Alencar a ser adversário de ACM Neto (UB) na sucessão estadual. O ex-prefeito de Salvador acompanha tudo de camarote. Em conversas reservadas, tem dito que a eleição não está ganha, que ainda tem muito trabalho pela frente, que não vai entrar no “já ganhou” do lulopetismo em relação a Lula.
O problema é que o “NÃO” de Otto, com todas as letras maiúsculas, é irreversível. Se antes já não queria deixar de buscar à reeleição para o Senado para ser candidato a governador, imagine agora com todo esse desentendimento, com esse “salve-se quem puder”, com essa briga que parece não ter mais fim.
O governador Rui Costa pediu um tempo ao vice-governador. Ora, ora, até às freiras do convento das Carmelitas sabem que Leão só fica satisfeito se assumir o governo do Estado. Rui Costa não tem como agradar Leão e Otto simultaneamente. Salvo se for candidato a deputado federal.
Jaques Wagner voltaria a encabeçar a majoritária, Otto (PSD) na reeleição ao Senado e o PP indicaria o vice da chapa. O sonho de João Leão de ser governador da Boa Terra seria consumado.
O problema, volto a repetir, é o receio de Leão ser um outro Leão ao sentar no lugar de Rui. A cúpula nacional do PP, sob a batuta de Ciro Nogueira, ministro-chefe da Casa Civil do governo Bolsonaro, fiel parceiro do presidente de plantão, só espera o momento certo para começar a interferir nas decisões do PP da Bahia. Não vai deixar que as articulações envolvendo a legenda sejam do jeito que o PT quer.
A verdade é que ninguém sabe de nada. É um disse-me-disse pela manhã, outro à tarde e mais um na calada da noite. É o PT versus PT. O PT de Jaques Wagner versus o PT de Rui Costa. Por Marcos Wense.
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