Todos os dias somos informados sobre meninos e meninas revelando terem sido abusados. Dizem ter sido importunados sexualmente e obrigados a fazer sexo. É possível que eu conheça uma delas ou um deles. É possível que você também conheça. Para além do crime odioso - geralmente praticado por pessoas próximas dos jovens como namorados, vizinhos ou familiares, a crueldade do abuso está na manipulação da vítima, que, em muitos casos, é ameaçada, chantageada, desacreditada, de forma que não vê a denúncia como uma opção. Precisamos mudar esse quadro. E isso se faz com informação e diálogo.
Esse
tipo de crime não pode ser visto como casos particulares, problemas familiares.
É uma violência contra todos nós enquanto sociedade. E pode estar muito perto,
escondido num olhar triste, numa atitude de isolamento, na agressividade, no
mau desempenho escolar e, mais abertamente, em marcas físicas não explicadas.
Se queremos criar crianças e jovens para um futuro melhor, mais feliz,
precisamos estar atentos.
Pais
devem conversar abertamente sobre o assunto, de forma tranquila, demonstrando
que estão e estarão sempre ao lado dos filhos. Precisam explicar que o toque
não consentido, o beijo “roubado”, a exposição, a relação forçada, ainda que
seja com uma pessoa próxima, são abusos. Que, sendo abusos, devem ser punidos,
e não silenciados. E devem ser denunciados à polícia.
Também os professores são de vital importância nesse processo de esclarecimento, o que ressalta a urgência da educação sexual nas escolas, onde o tema deve ser estudado, debatido sem preconceitos. Os mestres, particularmente, em suas salas de aula, podem identificar mudanças comportamentais que indiquem casos de abuso e tornarem-se elos para, com as famílias, formarem uma corrente de proteção aos nossos estudantes. É preciso olhar mais atentamente para os nossos alunos e não só ensinar. Precisamos aprender a ler os sinais. Quem sabe, dessa forma, possamos zerar o índice de meninas e meninos abusados todos os dias. Está nas nossas mãos mudar essa realidade.
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