Candidato ao governo da Bahia em 2022, ACM Neto não esconde que já definiu dois temas cruciais para a campanha do próximo ano: segurança e educação. O ex-prefeito de Salvador se apoia em índices pouco expressivos no enfrentamento à violência e o avanço a passos de tartaruga na área de educação ao longo de quase 16 anos do PT no poder para avançar na corrida eleitoral. E, até aqui, a resposta do governo é tímida por uma razão simples: não dá para mudar da noite para o dia um problema histórico.
A dificuldade mais
antiga é a educação. Os últimos ciclos políticos avançaram muito pouco ou até
retrocederam no investimento em infraestrutura e em qualidade do ensino
público. Não é uma questão que começa com Jaques Wagner, em 2007, admitamos.
Porém houve muito pouca evolução ao longo dos governos petistas. No último Ideb
para o ensino médio disponível, 2019, a rede estadual marcou 3.2, quase 1 ponto
abaixo da projeção do Inep, responsável pela prova. O ensino médio é, em tese,
uma responsabilidade dos governos estaduais e, desde 2005, primeiro
disponibilizado, evoluiu apenas 0.5. E esses números tendem a cair ainda mais
com a pandemia, o que vai expor deveras as fragilidades do segmento.
Na segurança, os
dados disponíveis nem precisam ser elencados para chamar atenção. A Bahia - bem
como o Brasil - vive um conflito civil não declarado e tem perdido sucessivas
batalhas para o enfrentamento às drogas. Os resultados são índices de mortes
violentas comparadas a zonas de guerra e pouca perspectiva de melhoria em um
curto espaço de tempo. E não, os governos petistas não são os únicos culpados
por essa chaga social aberta. E não, Jair Bolsonaro está muito longe de
resolver esse problema com a mágica do “vamos distribuir armas”. Não vai
funcionar, mas falar disso não cabe aqui. Enquanto o tráfico de drogas for
tratado como um problema exclusivo de segurança pública, dificilmente sairemos
desse buraco em que nos encontramos. É um problema de saúde pública, mas também
econômico e social...
Todavia, numa
campanha eleitoral, pouco importa quem são os verdadeiros vilões ou culpados.
Caso ACM Neto consiga construir uma narrativa que explicite a parcela de
responsabilidade de Jaques Wagner e de Rui Costa para não resolver esses
problemas crônicos, ele colherá dividendos políticos mais fáceis do que a
defesa do legado dos petistas na Bahia. Como haverá um esforço para não
nacionalizar as eleições da Bahia em 2022 por parte do ex-prefeito de Salvador,
esses dois calos do PT ao longo dos últimos anos no estado serão explorados com
afinco ao longo dos próximos meses.
Ninguém tem um modelo pronto para resolver essas dificuldades, porém simular que é possível fazer diferente talvez gere um resultado positivo para quem almeja chegar ao poder. Nem que para isso precise vestir a fantasia de salvador da pátria, algo que, convenhamos, os brasileiros votam com bastante frequência.
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