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2 de março de 2020

O FIO DA NAVALHA É A ESPERANÇA QUE DEVE NOS FAZER PERSISTIR

Nem todo um exército nos dá a confiança e a segurança de
médicos, para voltarmos a sorrir como se fossemos palhaços!
Essa semana visitei um grande amigo no Hospital Calixto Midlej Filho, onde estava internado para se submeter a uma operação contra o câncer. Meu amigo, militar, homem orgulhoso e de ideias acabadas, capaz de julgar os outros de forma definitiva, agora sucumbia a um defeito do corpo quase octagenário. E vivi a experiência de vê-lo despojar-se de suas convicções arraigadas, ideias perfeitas, posições intransigentes e vestir a batinha azul clara que lhe deixava à mostra a bunda magra, enrugada, para o escrutínio de qualquer civil. Vi então a dúvida em
seus olhos e busquei responde-la com a fé que roubei dele porque nunca a tive. Assumi a pose dele: firme, decidido, certo, incapaz de erro. “Vai dar tudo certo, amigo”. E sustentei o olhar até que o simpático enfermeiro o levasse para a sala de operações. Esse meu amigo deve estar tendo suas amarguras de imaginar-se no fim da vida e sentindo se queimando por dentro diante da dúvida que é a mais humana das questões: e se? No momento em que escrevo esse texto, meu amigo já deve estar na UTI e ainda há risco para ele. Os médicos e enfermeiros devem estar debruçando-se sobre os exames, discutindo coisas e circulando em torno da mesa operatória, com ampolas e cateteres, mexendo no corpo dele - e meu amigo, como bichinho molhado, com o canto do olho, deve estar procurando até enquadrar em seu campo de visão, buscando entre os médicos, pelo menos um, que o tranquilize com a certeza, a convicção que tudo está bem e melhorará. Neste momento os médicos e enfermeiros reverberam palavras de otimismo: “tá quase bom, é só consertar mais essa besteirinha aqui e pronto”. Tenho confiança que esse meu amigo sairá bem daquela UTI, mas recorri a essa sua situação, para expressar o quanto somos condicionados à esperança de que tudo ficará bem, ainda que tudo esteja sob à condição extrema de desvantagens e no fio da navalha!

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