“Cada um de nós compõe a sua história. Cada ser em si carrega o dom de ser capaz e ser feliz” - Almir Sater |
Outro dia, ao ouvir uma música, eu me
permiti fechar os olhos e viajar por um passado, não muito distante. Lá
encontrei pessoas que não fazem mais parte do meu cotidiano, pessoas que me
fizeram um bem danado e não sabem. Percebi que em algumas ocasiões podia ter
falado mais, ter feito mais e ter sentido mais, também. Com o passar do tempo,
a maturidade nos ensina a não valorizar o sofrimento, as angústias e
desilusões. A música chegou ao refrão e senti que lágrimas molhavam meu rosto.
A saudade da rotina, do cheiro e de como eu via através dos olhos de criança a
vida naquela época. Cheguei a conclusão que naquele momento não havia espaço
para arrependimentos e lamentações. Hoje sou fruto de tudo que eu vi e vivi.
Nem tudo que eu queria aconteceu, mas a vida me surpreendeu positivamente,
várias vezes. Hoje, penso no futuro como algo que posso construir com empenho,
responsabilidade e amor. Enquanto a segunda parte da música tocava, comecei a
analisar meu presente. Hoje não tenho mais tanto tempo para ficar de bobeira ou
simplesmente fazer o que às vezes eu queria. Já parou para pensar quantas ações
você executa sem ter a menor vontade? Quantas coisas você faz, para ganhar
dinheiro, para ganhar atenção ou porque a sociedade impõe? Eu me peguei
analisando como distribuo meu tempo e me assustei. Percebi que estou em falta
com alguns amigos, com alguns familiares e comigo mesmo. Pior que essa
constatação foi tentar delegar funções para deixar de centralizar as atividades
que fazia. Por definição sou tão perfeccionista, que só quem é, sabe o quanto é
sofrido esse processo. Enquanto isso, a música rolava… Conseguia sentir o
cheiro, o calor e a saudade de um tempo que a minha única preocupação era
(sempre foi e continua sendo) ler e ter o máximo possível de informações. Bem,
o final da música chegou! Abri os olhos e voltei à realidade. O trabalho (como
sempre) me esperava. Não era bem o que os meus pais queriam, mas, certamente, é
o que me faz feliz. Enquanto enxuguei as lágrimas, olhei para o céu e agradeci
a Deus por tudo, principalmente por não me deixar perder a sensibilidade mesmo
diante de obstáculos tão resistentes.
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