A experiência de viver nos faz crescer e compreender o destino |
Outro dia, ao ouvir uma música, eu me permiti
fechar os olhos e viajar por um passado, não muito distante. Lá encontrei
pessoas que não fazem mais parte do meu cotidiano, pessoas que me fizeram um
bem danado e não sabem. Percebi que em algumas ocasiões podia ter falado mais,
ter feito mais e ter sentido mais, também. Com o passar do tempo, a maturidade
nos ensina a não valorizar o sofrimento, as angústias e desilusões. A música
chegou ao refrão e senti que lágrimas molhavam meu rosto. A saudade da rotina,
do cheiro e de como eu via através dos olhos de criança a vida naquela época.
Cheguei a conclusão que naquele momento não havia espaço para arrependimentos e
lamentações. Hoje sou fruto de tudo que eu vi e vivi. Nem tudo que eu queria
aconteceu, mas a vida me surpreendeu positivamente, várias vezes. Hoje, penso
no futuro como algo que posso construir com empenho, responsabilidade e amor.
Enquanto a segunda parte da música tocava, comecei a analisar meu presente.
Hoje não tenho mais tanto tempo para ficar de bobeira ou simplesmente fazer o
que às vezes eu queria. Já parou para pensar quantas ações você executa sem ter
a menor vontade? Quantas coisas você faz, para ganhar dinheiro, para ganhar
atenção ou porque a sociedade impõe? Eu me peguei analisando como distribuo meu
tempo e me assustei. Percebi que estou em falta com alguns amigos, com alguns
familiares e comigo mesmo. Pior que essa constatação foi tentar delegar funções
para deixar de centralizar as atividades que fazia. Por definição sou tão
perfeccionista, que só quem é, sabe o quanto é sofrido esse processo. Enquanto
isso, a música rolava… Conseguia sentir o cheiro, o calor e a saudade de um
tempo que a minha única preocupação era (sempre foi e continua sendo) tirar a
melhor nota na escola. Bem, o final da música chegou! Abri os olhos e voltei à
realidade. O trabalho (como sempre) me esperava. Não era bem o que os meus pais
queriam, mas, certamente, é o que me faz feliz. Enquanto enxuguei as lágrimas,
olhei para o céu e agradeci a Deus por tudo, principalmente por não me deixar
perder a sensibilidade mesmo diante de obstáculos tão resistentes.
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