O GOVERNO É MUITO RUIM, PORQUE O ELEITOR ELEGE POLÍTICOS QUE SÃO PÉSSIMOS NO BRASIL |
Ainda me lembro da década dos anos 70,
sob o regime militar, quando num supermercado li, um tanto assustado, no Jornal
da Tarde, uma manchete em letras garrafais em que se dirigia uma crítica ao
Estado brasileiro como o mais estatizante do planeta, chegando a compará-lo aos
países socialistas. É claro que, na época, qualquer crítica, mesmo construtiva,
e que se relacionasse a regimes socialistas, chamava muito atenção, e o jornal
vendeu rápido. Ao ler a matéria pude concluir que realmente a economia no
regime militar era baseada no papel predominante do Estado, porém tinha uma
diferença, sentíamos que o Estado era sério, havia desenvolvimento, vivíamos o
famoso "vamos crescer o bolo para dividi-lo". Depois, com a abertura
democrática, surgiu o neoliberalismo, com as privatizações que trouxeram
desenvolvimento, sem dúvida nenhuma. Mas o que eu gostaria de analisar neste
simples texto é a cultura do Estado que nos foi legada durante anos e a
apropriação oportunista político-cultural do papel do Estado brasileiro junto
ao povo. Parece-me que as benesses que o Estado brasileiro deformado
culturalmente oferece estão enraizadas no idealismo profissional em fazer-se
funcionário do Estado, em lutar para entrar num concurso público, em obter
através do Estado remunerações muito acima da iniciativa privada, haja vista o
Judiciário e outros setores. A grande verdade é que hoje o Estado brasileiro está
mais atrasado e ineficiente; um Estado que cobra muito em termos tributários e
devolve à sociedade apenas corrupção, má gestão, barganhas políticas e péssimos
serviços. Estamos vivenciando o estado terminal do Estado brasileiro,
politicamente desmoralizado, e me surge agora, salvo engano, uma percepção de
que o povo brasileiro enfim está se dando conta e se desfazendo dessa cultura
Estatal, vez que aquele Estado honesto, e até provedor, que havia no regime
militar entrou em colapso. Imaginem se as privatizações não tivessem ocorrido!
Hoje o lema é privatizar, enxugar o Estado, maximizar um Estado mínimo, para
que a classe política e o corporativismo não nos levem para a Unidade de
Terapia Intensiva da corrupção e do desalento de um Estado terminal.
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