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Não há nada mais gostoso que saborear e bebericar Itabuna |
Conheço pessoas frustradas pela nossa
rispidez de insensatez; outras que fugiram para a praia apenas em busca de um
pouco de brisa e silêncio. As vezes tenho a impressão que qualquer outro lugar
pode me abraçar melhor do que Itabuna. Mas para o bem ou mal, é aqui que decido
ficar. A falta de conexão criada pela montoeira de muros causa aflição em
qualquer momento da vida, me irrita nosso egoísmo quase que histórico e a falta
de sintonia fora das zonas pré-delimitadas. Entre o prédio da rádio onde
trabalho e o escritório onde escrevo os artigos a serem postados em nosso blog,
a realidade me mostra o quanto corremos pelo dia, atropelamos as horas e
perdemos nossa noção própria. Mas sabe, fiz desse itinerário vasto e surrado
minha cômoda realidade cotidiana. Encontrei beleza em construções abandonadas e
móveis flutuando sobre as águas poluídas do rio que divide a cidade em duas
partes e entre artes e desastres. Valso no quarto condicionado ao silêncio, para
não pensarem que enlouqueci. Vejo a enxurrada de pessoas ao meio-dia em nossas
tantas ruas fétidas e esburacadas e o noticiário revela o sangue de mais um
jovem jorrando no chão. E os famintos suplicam pães, enquanto cães comem
salmões e camarões nas mansões. Poderia escolher qualquer outro lugar, mas é
aqui que reside minha vontade de ficar, fazer parte e poder ajudar. Diminuir
alguns muros e me perder em meio ao novo que posso ainda que perdido encontrar.
Se Itabuna é louca, então estamos de parabéns! Somos os pacientes desse
manicômio com patente crônica sem cura, luas escuras com dias escaldantes e
noites quentes, mas que sempre borbulham ritmos que estimulam a próxima dança.
Primavera, inverno, outono e verão tudo no mesmo dia. Tenho o mundo descoberto
na tela do meu computador e nem me importo com os livros abertos e expostos aos
meus pés. Não sei me enraizar em lugar algum, mas decidi transformar essa
bagunça toda na casa para onde voltar.
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