EMASA

Trief

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ITABUNA

21 de dezembro de 2017

DECIDI QUE É AQUI QUE VÃO TER QUE ME ENGOLIR

Não há nada mais gostoso que saborear e bebericar Itabuna
Conheço pessoas frustradas pela nossa rispidez de insensatez; outras que fugiram para a praia apenas em busca de um pouco de brisa e silêncio. As vezes tenho a impressão que qualquer outro lugar pode me abraçar melhor do que Itabuna. Mas para o bem ou mal, é aqui que decido ficar. A falta de conexão criada pela montoeira de muros causa aflição em qualquer momento da vida, me irrita nosso egoísmo quase que histórico e a falta de sintonia fora das zonas pré-delimitadas. Entre o prédio da rádio onde trabalho e o escritório onde escrevo os artigos a serem postados em nosso blog, a realidade me mostra o quanto corremos pelo dia, atropelamos as horas e perdemos nossa noção própria. Mas sabe, fiz desse itinerário vasto e surrado minha cômoda realidade cotidiana. Encontrei beleza em construções abandonadas e móveis flutuando sobre as águas poluídas do rio que divide a cidade em duas partes e entre artes e desastres. Valso no quarto condicionado ao silêncio, para não pensarem que enlouqueci. Vejo a enxurrada de pessoas ao meio-dia em nossas tantas ruas fétidas e esburacadas e o noticiário revela o sangue de mais um jovem jorrando no chão. E os famintos suplicam pães, enquanto cães comem salmões e camarões nas mansões. Poderia escolher qualquer outro lugar, mas é aqui que reside minha vontade de ficar, fazer parte e poder ajudar. Diminuir alguns muros e me perder em meio ao novo que posso ainda que perdido encontrar. Se Itabuna é louca, então estamos de parabéns! Somos os pacientes desse manicômio com patente crônica sem cura, luas escuras com dias escaldantes e noites quentes, mas que sempre borbulham ritmos que estimulam a próxima dança. Primavera, inverno, outono e verão tudo no mesmo dia. Tenho o mundo descoberto na tela do meu computador e nem me importo com os livros abertos e expostos aos meus pés. Não sei me enraizar em lugar algum, mas decidi transformar essa bagunça toda na casa para onde voltar.

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