A internet tem sido muito usada contra a própria comunicação! |
As redes sociais e os aplicativos
de mensagem instantânea são as ferramentas de comunicação mais utilizadas
atualmente. Junto à facilidade que elas proporcionam vem a banalização do uso
e, de modo incoerente e leviano, muitas pessoas escondem-se em seus smartphones
e computadores para proclamar suas verdades doa a quem doer. A sociedade
informatizada passou a dispor de um poder sem precedentes ao escrever suas
opiniões e pensamentos nas páginas mundiais. De fato, é de subir à cabeça a
possibilidade de se escrever o que bem quiser aos quatro cantos do mundo e
desabafar, nem que digitalmente, cada revolta e angústia não dita cara a cara.
Tal poder, porém, é como uma cortina de fumaça, pois geralmente não tem
embasamento e grandes indícios de autoria. Na grande maioria das vezes os
discursos facebookianos não passam de repetições e chavões ditos em série. Algumas
coisas são alarmantes nesse sentido. Primeiro, a falta de originalidade e os
inúmeros “copia e cola” denotam a ausência de conhecimento que pode ser gerado
através da leitura, através da fome de saber, através da busca de argumentos
sólidos. Depois, é temeroso constatar que essas repetições formam, de fato,
opinião e conduzem muitas pessoas a “verdades” perigosas, ou seja, é mais
cômodo perpetuarmos o que está posto, mastigado e cuspido nas telas mundo afora.
Outro ponto preocupante é a falta de compreensão do que se lê. O povo não lê
pouco, comparando-se aos últimos anos, porém, infelizmente, lê mal. As pessoas
não conseguem extrair informações elementares de textos simples e parecem sentir
prazer em fazer parte das brigas resultantes dessas incompreensões. Desse modo,
o ciclo de ler livros, ler pessoas e ler o mundo tem ficado cada vez mais
defeituoso. Assim, não podemos abrir mão do conhecimento e do status quo que
ele nos proporciona. Conhecer é conseguir argumentar sem ferir, expor sem
agredir, militar sem digladiar. Quando apenas reproduzimos o discurso do outro
não somos capazes de dar voz às mazelas e temores que são nossos, que fazem
parte do nosso mundo e a sociedade acaba sendo representada sempre de modo
monofônico e com a audácia apenas dos poucos que foram em busca de
conhecimento.
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