A tristeza do povo é ver que a Saúde está no fogo em Itabuna! |
Quero iniciar este artigo sobre o que credito está a causa da deficiência da gestão da saúde pública em Itabuna, ressaltando o que acontece com os técnicos de futebol no Brasil. Invariavelmente eles são demitidos quando o time não vai bem. E o torcedor acaba ficando sem saber onde está o problema, quando o time permanece perdendo jogos. Nos técnicos ou nos jogadores? Existe uma máxima na teoria geral dos sistemas que diz o seguinte: “Se você colocar um líder excepcional num sistema ruim, o sistema sempre vencerá”. Em um dos meus últimos artigos sobre este tema, cito o caso de um excelente diretor de vendas de certa empresa que conheci de perto. Ele sempre batia suas metas e tinha seu time, também excepcional, nas mãos. Eis que um concorrente lhe ofereceu uma “proposta irrecusável” na esperança de que ele pudesse reproduzir o mesmo desempenho lá. Ele aceitou a proposta e fracassou. Não chegou a completar um ano na outra empresa. Nunca mais ouvi falar dessa pessoa. Se ele soubesse que o sistema sempre vence, teria aceitado a proposta sob a condição de formar a própria equipe. E também teria dito, de largada, que isso iria durar, pelo menos, de dois a três anos. É preciso dar uma atenção muito grande a uma mudança cultural para que ela aconteça na prática. Para formar um time campeão que não dependa de uma liderança muito forte, é preciso ter antes de mais nada as pessoas certas. No caminho, será preciso fazer escolhas e trocar parte da equipe. Além de um bom ponto de partida, será necessário investir num treinamento excepcional e constante. Muita gente pensa que treinar é dar um curso e o objetivo está completo. Vã ilusão. Num treinamento formal são dadas as informações explícitas. Na analogia de como se ensina alguém a andar de bicicleta, não basta dizer que ela precisa sentar no banco e pedalar. Essa é a teoria. O aprendizado de andar de bicicleta só se adquire efetivamente ao tentar, cair e começar de novo. E é algo que só se desenvolve ao longo do tempo. Eis o que se chama de conhecimento tácito. O conhecimento tácito e o explícito reforçam-se um ao outro ao longo do tempo e, portanto, deve haver muito treinamento, inclusive repetido. Em tese, todas as administrações concordam com os princípios básicos da meritocracia. Mas impor uma meritocracia viva na qual as nomeações, contratações e promoções sejam feitas por puro mérito é coisa para poucos gestores. Isso acontece porque, em certos casos, será preciso deixar para trás um amigo, parente, cabo eleitoral, militante partidário, ou conterrâneo — e promover outro que seja simplesmente a melhor pessoa para aquela posição. Não se muda a cultura de uma gestão da noite para o dia. Para concluir, uma das tarefas de um líder é formar seu time porque quem bate metas é o time — e não o líder. É óbvio que, à medida que você desenvolve seu time, os resultados começam a aparecer. Se houver perseverança, o desempenho gradualmente vai melhorar até que você atinja o patamar desejado depois de uns dois a três anos. Portanto, não adianta Lísias Miranda ser uma excepcional técnica, em sua função de Secretária Municipal de Saúde, em Itabuna, se seu time permanecer sendo integrado por uma maioria de assessores, diretores e coordenadores "pernetas, mancos, cegos, surdos, mudos e moribundos"!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente no blog do Val Cabral.