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Câmara

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27 de agosto de 2017

A PESSOA EM SI NA CRISE EXISTENCIAL


Somos melhores que nós mesmos, em nossos próprios quadrados
Não falta quem acredita e diz que todas as pessoas possuem o direito de perder a razão ao menos uma vez por dia. O perigo estaria em ultrapassar essa hora. Alguns vão além, muito além. As principais decisões da vida estão influenciadas pelo princípio da razão. Os dilemas que angustiam o coração, as incertezas das escolhas e a definição dos caminhos passam pelo crivo da sensatez de suas ponderações. No mundo dos sentimentos acontecem os grandes choques das emoções. O desencontro das afeições com o resultado das escolhas. O confronto entre o idealizado e o sabor da realidade. A divisão inevitável das qualidades que unem e os defeitos que afastam. As desilusões que maltratam a rotina dos seres humanos. A construção da vida apesar das dificuldades, decorrentes de uma perfeição que não existe e dos antagonismos que misteriosamente atraem. As diferenças que quebram modelos mas edificam caminhos de suaves surpresas. As regras contraditórias, os feitiços que encantam e desencantam os corações – compõem os diversificados fenômenos da existência humana. E há quem diz, que o coração tem razões que a própria razão desconhece – uma sentença transformada em princípio na busca de justificar os gestos e as escolhas da vibração íntima dos enamorados. A vida não seria, nessa visão, uma disciplina dos afetos. Antes, um jogo de fortes emoções. Decidido pela força da razão que não cultiva apenas lógicas, mas os acontecimentos que se erguem e se inspiram nas promessas de um novo alvorecer. Na história de cada um as páginas da felicidade estão vazias. Os registros das alegrias precisam – da força da razão para gerar a crença no futuro e dos ímpetos do coração para alimentar os encantos da longa caminhada. Os embates entre os poderes do coração e a força da razão se rendem perante os fatos que proporcionam entusiasmos aos seus ardorosos personagens, rebeldes aos ditames do tempo e das circunstâncias.

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