Itabuna possui o único orfanato do sul da Bahia, onde dezenas de crianças esperam ansiosas adoções que lhe deem uma família |
Existem hoje, em Itabuna, dezenas de crianças e adolescentes
em condições de serem adotadas e centenas de famílias na lista de espera do
Cadastro Nacional de Adoção (CNA). Com tantas pessoas dispostas a acolher uma
criança sem família, não há como não questionar o fato de que o número de
meninas e meninos do cadastro não para de crescer. Na avaliação do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ), a resposta pode estar na discrepância que existe entre o perfil
da maioria das crianças do cadastro e o perfil de filho, ou filha, imaginado
pelos que aguardam na fila da adoção. Nacionalmente, verifica-se que o perfil
das crianças e adolescentes cadastrados no CNA é destoante quando comparado ao
perfil das crianças pretendidas. Apesar de o número de adoções ter crescido
cerca de 50% no último ano, o perfil das crianças adotadas na Bahia ainda é o
mesmo: em sua maioria são meninas brancas e na faixa etária de 3 a 4 anos. Outro
fator que costuma ser sério entrave à saída de crianças e adolescentes das
instituições de acolhimento, de acordo com as estatísticas do CNJ, é a baixa
disposição dos pretendentes para adotar mais de uma criança ao mesmo tempo, ou
para receber irmãos. Como os juizados de Infância e Adolescência dificilmente
decidem pela separação de irmãos que foram destituídos das famílias biológicas,
as chances de um par de irmãos achar um novo lar é muito pequena. Conforme
pesquisa do CNJ, somente 9,5% dos pretendentes à adoção aceitariam crianças com
mais de cinco anos. O cadastro, entretanto, possui uma elevada quantidade de
crianças acima desse patamar, situação que cria um potencial impasse no qual
parte da população de crianças em estado de vulnerabilidade pode se tornar
aquilo que se convencionou chamar de "filhos do abrigo", porque
acabam passando toda a infância nas unidades de acolhimento. É fundamental
modificar esse quadro. Além de tornar o processo o menos burocrático possível,
é preciso incentivar a adoção tardia, para dar a essas crianças mais velhas a
oportunidade de ter um lar. Isso exige uma mudança de paradigmas e a superação
de preconceitos.
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