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Câmara

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21 de setembro de 2015

NÃO HÁ COMO NÃO SE ADEQUAR À CRISE ATUAL

É preciso saber que a crise exige mudança de conduta e conceitos
Já não há mais dúvida de que os brasileiros estão desafiados a enfrentar uma crise econômica prolongada, representada pela recessão, pela volta da inflação alta, pelo aumento do desemprego e pelos conflitos sociais decorrentes da deterioração dos serviços básicos. Os indicadores econômicos expõem uma realidade da qual ninguém, do setor público aos cidadãos, passando por todas as atividades produtivas, estará imune. Instabilidades políticas potencializam uma crise que o governo subestimou, durante pelo menos meio ano do segundo mandato, o que contribuiu para o agravamento de um cenário de paralisia de investimentos e de desconfiança generalizada com os próximos atos da desgastada presidente Dilma. O Brasil, e não só o governo federal, defronta-se com o que não mais pode ser negado. Austeridade deixa de ser um jargão depreciado pelos próprios governantes para se transformar em necessidade real, a começar pelos municípios brasileiros. Comunidades que durante décadas adiaram soluções administrativas, imitando o que há de pior do governo central, terão de se submeter ao arrocho e racionalizar seus orçamentos. Há dados concretos sobre o descontrole dos municípios, no contexto de uma crise que é também de gestão do setor público. Segundo estudo da União das Prefeitura da Bahia (UPB), concluído neste ano, oito de cada 10 prefeituras estão em situação fiscal crítica ou difícil e a maioria não cumpre a Lei de Responsabilidade Fiscal. A grande maioria tem deficiências graves de gestão, e o retrato das dificuldades é o mesmo enfrentado pelos Estados. Mas a crise apenas denuncia insuficiências que vinham sendo encobertas por um longo período de prosperidade. União, Estados, municípios, instituições e também as famílias brasileiras são desafiadas a adequar demandas, projetos e custos mais elementares do orçamento cotidiano a um ambiente de incertezas. Infelizmente, planos de investimentos terão de ser adiados e despesas correntes, cotidianas, serão cada vez mais adequadas a essa realidade. É uma situação até então desconhecida pelas novas gerações, inclusive a que já ingressou ou tenta ingressar no mercado de trabalho. Revertem-se expectativas imediatas e frustram-se sonhos de médio e longo prazos dos que almejavam melhorias importantes na qualidade de vida também desses jovens. O que já se sabe, pelas experiências anteriores, é que todos receberão lições da recessão, e que o cidadão oferecerá sempre os melhores aprendizados. Sem resignação, espera-se que o país saia da crise melhor do que entrou.

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