O ano de 2014 demandará toda a atenção dos brasileiros. Os focos de distração serão bem atraentes, em especial a mobilização em torno da Copa do Mundo. Mas vale lembrar outro grande evento que deve levar à reflexão sobre o que realmente importa: em outubro, haverá eleições para presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais. E o que não falta são problemas para serem debatidos – não apenas pelos candidatos, mas principalmente pelos eleitores, sendo que a educação é o principal deles. Nunca é demais trazer à tona o resultado do Programa Internacional de Avaliação de Alunos, prova que atesta o nível do aprendizado de alunos de 15 anos (sétimo a nono ano do fundamental ou ensino médio) de 65 países. O Brasil fica na posição 55 em leitura, 58 em matemática e 59 em ciências. Houve quem comemorasse o aumento das notas – apesar da colocação, a média em matemática subiu 5 pontos e a média geral, 1 ponto –, mas é inegável que estamos ficando para trás. O país que possui a sexta economia mundial foi ultrapassado no Programa Internacional de Avaliação de Alunos, pelo Cazaquistão e Albânia. A deficiência educacional não tem impactos apenas pedagógicos, mas gera ondas progressivas de danos, como uma pedra lançada ao poluído e menosprezado rio cachoeira. Um estudante mal formado entra no ensino médio já com incapacidade para acompanhar as matérias cada vez mais complexas. Basta um exercício prático: imagine o aluno médio de 15 anos, dono de um perfil indicado pela avaliação do Programa Internacional de Avaliação de Alunos. Lance-o três anos à frente. Como assimilará as obras de Guimarães Rosa? Como calculará as complexas matrizes ou reações químicas? Outro salto no tempo, o estudante chega à faculdade e, alguns anos depois, está às portas do mercado de trabalho, enfrentando as dificuldades de conquistar o primeiro emprego. Muitos conseguirão compensar as deficiências do ensino com um dedicado autodidatismo, mas outros tanto dependerão de competências e habilidades que somente poderão adquirir se forem beneficiados pela oportunidade de capacitação prática propiciada por programas de aprendizagem e de estágio. Mas, no final da história, quem paga a conta é o país, cujo desenvolvimento sustentável depende diretamente da qualificação de seu capital humano. Assim, independentemente do partido e do cargo a ser ocupado pelo candidato eleito – e de quem ganhar a Copa –, a educação deve ser a prioridade.
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