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29 de março de 2013

SEXTA-FEIRA SANTANA: DO PASSADO Á CONTEMPORANEIDADE



Hoje é um dia referencial para os cristãos de todo o mundo: a Sexta-Feira Santa, data da rememoração do martírio de Cristo. Os não cristãos e os não religiosos veem nela um ato reverencial a um inocente executado barbaramente por conta da prepotência do poder político e da intolerância religiosa. O acento no sofrimento (dolorismo) constitui uma marca do catolicismo ocidental. Os católicos orientais (em comunhão com a Igreja Romana), os ortodoxos e os reformados (protestantes) preferem enfatizar o Cristo ressuscitado, evocado pela Páscoa cristã. A Semana Santa, no catolicismo popular brasileiro, incorporou traços culturais ibéricos (Portugal e Espanha), com grande acento no sentimentalismo religioso e nas expressões de tristeza. Até a década de 60, a Sexta-Feira Santa era impregnada pelo apelo generalizado à ascese (jejum rigoroso, abstinência de carne, contenção de qualquer prazer físico e comedimento na fala e nos gestos). Com a secularização da sociedade brasileira, a data restou mais como um ensejo para um feriado prolongado, sem que deixe de ser, talvez, a que mais toca a veia religiosa dos brasileiros. Ainda assim, os números colhidos nos últimos anos não a diferenciam muito de outros feriados, em termos de índices de violência. Até na Terra Santa, onde a tragédia narrada pelos evangelhos aconteceu, a morte violenta, a opressão, o ódio e a intolerância continuam prevalecentes, contrariando a mensagem de compreensão e tolerância que levou seu autor a uma morte tão execrável. O desfecho poderia ser lido como a história de um grande fracasso, mas seria uma leitura muito parcial. As palavras daquele mártir obscuro (despercebido pelos historiadores e filósofos da época) tiveram um poder transformador impressionante na moldagem de um novo mundo não mais regido pelos valores fundamentais da Antiguidade pré-cristã. Elas ainda ecoam com força, alimentando a sede espiritual da humanidade e influenciando na sua evolução moral, política, social e cultural. Neste ano, a Semana Santa transcorre num momento muito especial para a Igreja Católica Romana, em que esta, por meio de seu novo papa, tenta reencontrar os caminhos da simplicidade e do despojamento do Cristo dos evangelhos.

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