Prefeitura Itabuna

Câmara

Câmara

29 de março de 2013

SEMANA SANTA HOJE ME FAZ LEMBRAR DO QUANTO ELA ERA DIFERENTE NO PASSADO



Eram muitos os cuidados que minha mãe tinha, durante a quaresma. Não podíamos ouvir música, dizer palavrão, nem fazer bagunça. Ir a uma festa, nem pensar! Era um desrespeito ao sofrimento por que passara o Senhor. Aos que bebiam, abster-se do álcool durante os quarenta dias, era uma obrigação. Lembro que o início era a quarta-feira de trevas. Às quartas e sextas-feiras não se podia comer carne. Tinha de ser peixe. Lembro da Via Sacra, realizada uma vez por semana, às sextas-feiras, durante a quaresma, quando se fazia caminhadas dentro da Igreja, com paradas nos quadros que indicavam “as estações”. Alguém fazia a leitura: “Jesus cai pela primeira vez”, “Verônica enxuga a face de Jesus” e se seguia até que alcançássemos a última. Na quinta-feira santa tinha a “Missa do Lava Pés” e a “Adoração ao Santíssimo”. O grupo de jovens da Igreja organizava uma encenação em que o Padre lavava os pés de doze fiéis, simbolizando os apóstolos. Na sexta-feira da paixão, o dia era de comer caruru. No sábado de aleluia a diversão, após a missa, claro, era ver a queima do Judas. O boneco ficava pendurado por horas até o momento de queimá-lo. Antes disso, era lido seu testamento, fazendo rimas engraçadas, usando o nome dos moradores do nosso bairro. Ninguém explicava as razões para tantos rituais religiosos mas, como filhos obedientes, seguíamos as orientações dos nossos genitores. Tempos depois entendi que a ideia era participarmos das angústias e dores de Jesus, para também podermos participar da sua glória, quando da ressurreição. Evocar essas memórias é reviver um tempo em que a inocência fazia de mim uma pessoa mais crente, e menos questionadora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente no blog do Val Cabral.

Publicidade: