Acabaram as eleições
municipais. Agora, é a montagem dos secretariados. Nada de novo sob o
sol: no Brasil, os anos pares são anos de eleições, e os ímpares são anos
pré-eleitorais. Portanto, por paradoxal que possa parecer, nesta lógica
não há espaço para a discussão pública das grandes questões políticas
(estruturais). Vamos empurrando com a barriga em nome da premência das
alianças, ou das orientações dos marqueteiros: o mercado (de votos) quer uma cara
nova; o mercado (de votos) quer mudanças (?); o mercado (de votos) está mais
interessado no desempenho do time do Bahia; o mercado (de votos) quer quem
roube, mas faça; o mercado de votos... Ou seja, o eleitor não é um sujeito
político, mas um consumidor. Os eleitores são um mercado a ser conquistado por
mercadorias bem maquiadas. Em seguida, será o momento da construção das
governabilidades. A governabilidade exige a paz — a paz entre as classes:
“Um governo para todos”, “Uma cidade para todos”, “Uma cidade com
amor”... Enfim, uma cidade (um estado, um país) sem política, se lembramos
que política é exatamente a disputa de interesses de classes, segmentos e
frações de classes, etc. A paz entre as classes é o cemitério da política.
É o terreno fértil para todo fascismo: a mão forte segurando um feixe de
varinhas — todas elas de igual tamanho e espessura — representando as classes.
Deu no que deu. Numa campanha eleitoral as coisas estão cinicamente
claras, embora a comunidade finja (também cinicamente) não perceber.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente no blog do Val Cabral.