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1 de novembro de 2012

DEMOCRACIA TAMBÉM É QUESTÃO MERCADOLÓGICA



Acabaram as eleições municipais. Agora, é a montagem dos secretariados. Nada de novo sob o sol: no Brasil, os anos pares são anos de eleições, e os ímpares são anos pré-eleitorais. Portanto, por paradoxal que possa parecer, nesta lógica não há espaço para a discussão pública das grandes questões políticas (estruturais). Vamos empurrando com a barriga em nome da premência das alianças, ou das orientações dos marqueteiros: o mercado (de votos) quer uma cara nova; o mercado (de votos) quer mudanças (?); o mercado (de votos) está mais interessado no desempenho do time do Bahia; o mercado (de votos) quer quem roube, mas faça; o mercado de votos... Ou seja, o eleitor não é um sujeito político, mas um consumidor. Os eleitores são um mercado a ser conquistado por mercadorias bem maquiadas. Em seguida, será o momento da construção das governabilidades. A governabilidade exige a paz — a paz entre as classes: “Um governo para todos”, “Uma cidade para todos”, “Uma cidade com amor”... Enfim, uma cidade (um estado, um país) sem política, se lembramos que política é exatamente a disputa de interesses de classes, segmentos e frações de classes, etc. A paz entre as classes é o cemitério da política. É o terreno fértil para todo fascismo: a mão forte segurando um feixe de varinhas — todas elas de igual tamanho e espessura — representando as classes. Deu no que deu. Numa campanha eleitoral as coisas estão cinicamente claras, embora a comunidade finja (também cinicamente) não perceber.

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