WAGNER CORTA PRÓPRIA BARBA E OS SALÁRIOS DOS PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS

Não é à toa que o governador Jaques Wagner tornou-se garoto propaganda de uma linha de barbeadores e ganhou 500 mil reais para cortar a barba que mantém há 34 anos. Afinal, o verbo cortar tem sido conjugado intensamente por este governo em várias instâncias essenciais do serviço público. O governo fez cortes orçamentários na saúde, segurança pública e na educação. Indignado com a sucessiva onda de sucateamentos, o movimento docente vem tornar público o seu rechaço em relação ao mais recente ato do garoto propaganda das coisas que cortam: a suspensão dos salários dos professores universitários, em greve há menos de um mês. Com demonstrada habilidade para cortar e ceifar, o governo também suprimiu o precário canal de negociação quando impôs a saída da greve como condição para dialogar com os professores. O governo cortou os salários e o canal de comunicação com o movimento docente! Mas nem tudo na Bahia sofre retaliações e cortes. Há uma área que goza de fartura e excedentes: a da propaganda! Para isso não faltam verbas, não existe crise! E Quem não gostaria de “morar” na propaganda do governo da Bahia? E ser aluno da universidade ideal que aparece nos comerciais, sem precarizações e abundando autonomia? Quem não gostaria? Os dados alardeados por este governo insinuam que as universidades estaduais recebem vertiginosas doses orçamentárias, que os professores universitários têm suas reivindicações atendidas e que a educação superior nunca esteve tão bem. Maquiados e manipulados, os dados das propagandas e notas do governo camuflam a realidade, qual seja: este governo não respeita a autonomia universitária e emperra promoções e progressões na carreira que, por lei, deveriam ser implementadas no interior das universidades; alveja o direito dos professores de sair para fazer pós-graduação com o decreto 12.583/11; golpeia a conquista por adicional de insalubridade e periculosidade; retalia o orçamento universitário; não implementa uma rubrica para assistência estudantil; impede mudanças de regime de trabalho e paga aos docentes o segundo pior salário da região Nordeste! Habilidoso na arte de cortar e maquiar, este governo demonstra maestria também em outro ofício: o de manobrar. Depois de mais de 12 meses de negociações, já no momento da assinatura de um acordo de incorporação da CET em longínquos 4 anos, o governo da Bahia decidiu impor, de modo unilateral, uma cláusula inaceitável: as futuras reivindicações acordadas e que implicassem impacto financeiro, só teriam seus efeitos a partir de 2015! Essa manobra surpreendeu o movimento docente no dia em que seria efetivada a assinatura do acordo! Claro que os docentes não aceitaram o congelamento de um salário que, de tão precário, configura-se como o segundo pior do Nordeste, apesar da Bahia ser o estado mais rico desta região. Será que agora o governador vai ganhar mais 500 mil reais para propagandear marcas de refrigerador e freezer, ou seja, de aparelhos que congelam? Diante de cortes e manobras sucessivas deste governo, o movimento docente decidiu não se deixar silenciar e amordaçar. Recusou-se a assinar o acordo e ser conivente com o congelamento salarial pretendido pelo governo. Se o governador Jaques Wagner quiser ser arauto e garoto propaganda de toda espécie corte e congelamento, não será com a anuência dos docentes das estaduais baianas. Por isso estamos em greve exigindo a retirada da cláusula que congela os salários e a revogação do decreto 12.583/11 que fere cabalmente a autonomia universitária. Precisamos mostrar à sociedade que a música do Governo da Bahia não deveria ter o bordão: Agora tem, tem, tem! E sim: Agora é sem, sem, sem! Sem salários! Sem direito à greve! Sem autonomia! Sem negociação! Sem diálogo! Sem democracia! Contra o corte de salário dos professores universitários e pela abertura imediata das negociações! (Prof ª Caroline Vasconcelos Ribeiro - UEFS).