Em tempos de cortes e reajustes é sempre bom parar um pouco para refletir sobre a relatividade das coisas. Especialistas, curiosos e palpiteiros estão se debruçando sobre a decisão da Dilma, “a presidente de todos os brasileiros”, de reduzir 50 bilhões de um orçamento aprovado em dezembro. O fato é que não há caixa para um salário melhor, nem pensar em concursos públicos e, certamente, o funcionalismo federal vai amargar uma mixaria de reajuste, se houver. Sem falar no imoral acréscimo de 60% que os parlamentares se auto concederam, o estranho de tudo é o substancial aumento ao Bolsa Família. Aliás, o impagável líder do governo Cândido Vaccarezza, por cima da carne seca, justificou o incremento nas bolsas com argumentos de um nobel. Seriam dois bilhões de reais, nas mãos de treze milhões de felizardos, consumidos em garrafas de cachaça ou garrafas de água. De toda maneira, o país trilhará o caminho da prosperidade. Nem que seja do alcoolismo, da cirrose e da violência, os filhos diletos da malvada. É nessas horas que me retornam as crises de arrependimento. Hoje acho que cometi um erro ao não optar por ser líder sindicalista. Em vez de estar diariamente denunciando, criticando governantes no rádo, hoje nadaria nas águas serenas das mamatas. Entraria num sindicato, faria amizade com o Zé Dirceu e o Genoíno. De repente, seria um deputado, se o bom Deus ajudasse, um senador. Quem sabe, até um líder do Lula ou da Dilma. Posaria com roupas de grife, camisas escuras de gangster americano, perfumes franceses... Teria musculosos seguranças, mansões nas praias badaladas, fazendas de gado, boa parte em nome de laranjas. Mesmo desengonçado, viraria objeto de desejo de sequiosas “princesas” e “garotas de família”!. Nas horas vagas, dissertaria sobre o meu passado glorioso. Exerceria meu lado mártir e heróico. Diria que trago na alma as cicatrizes morais das perseguições, das masmorras do arbítrio, frutos do meu persistente combate à ditadura e em prol da redemocratização. (Mas não ia dar carne a gato: jamais admitiria que minha obsessão – era tão imaturo! – era impor uma ditadura à moda cubana ou albanesca. Esqueçam essa parte). Mas se nada desse certo, minhas braçadas seriam para organizar eventos oficiais ou mamar numa gorda sinecura qualquer. No Carnaval – que ninguém é de ferro – fantasiado de borboleta, sairia do meu casulo e iria para Porto Seguro soltar a franga e cantar a plenos pulmões: Você pensa que cachaça é água?.
Na verdade este é um jogo que faz com que muito tempo seja perdido. Se já havia sinais de que os cortes seriam feitos porque não evitar o desgaste?
ResponderExcluirA verdade é que com um mínimo de boa vontade isso poderia facilmente ter sido feito, bastando para isso que os partidos políticos deixassem de lado a queda de braço e pó ruim momento apenas pensassem nos consumidores que por “coincidência” são os pagadores de impostos.
O orçamento do governo era fantasia e o corte anunciado também é fantasia. É essa a arte da política: fantasiar tudo e deixar quem leva as coisas a sério ocupado em cálculos, demonstrações análises e críticas. Enquanto os sérios se distraem, seus bolsos são tungados com impostos e taxas. Como será então o corte? Fácil, pois a Dilma sabe que a maioria dos projetos não sai do papel, por pura incompetência ou preguiça. Daqui uns tempos ela anuncia que conseguiu uma bruta economia, citando os encalhes como sofrida decisão estratégica de não investir agora.
ResponderExcluirEngraçado o Ministro Mantega afirmar que os cortes orçamentários não implicam em mudança no curso da política econômica. Eis aí, uma verdadeira pérola da falácia, uma vez que, no governo anterior, onde o mesmo atrapalhado Mantega já era Ministro da Fazenda, um dos principais instrumentos de política econômica, qual seja, a política fiscal, foi demarcadamente expansionista durante o período mais crítico da crise internacional, chamada então de política contracíclica à crise e, após a retomada econômica, que culminou com om crescimento do PIB no ano passado, da ordem de 7,5%, o governo Lula manteve o pé fundo no acelerador dos gastos públicos, só que agora, de uma forma prócíclica, ou melhor dizendo, pró eleição da Dilma. Ora, não precisaria ser um economista para entender que o governo Dilma, no seu início, está vivendo a ressaca fiscal resultante da verdadeira farra fiscal que demarcou especialmente os últimos anos do governo Lula. No ano passado, então, a expansão de gastos para alavancar a candidatura Dilma, foi algo como um crime lesa-Pátria. Pois é: Quando a festa é grande, maior ainda é a ressaca. Mas tudo bem. Afinal, nós, que integramos a sociedade contribuinte, continuamos pagando imposto em cima de imposto, permitindo recordes consecutivos na arrecadação da União e, principalmente, passivamente aceitando e muitos até mesmo reelegendo governos demarcados por uma gestão perdulária e corrupta da coisa pública. Este é o nefasto corolário de um governo sem oposição. Agora é tarde para aqueles que elegeram os últimos governos, fazerem um mea culpa. E pensar que a partir de hoje, este mesmo governo começa a receber mais uma receita: a declaração de ajuste anual do IR. E o pior é que o Leão está cada vez mais voraz e insaciável.
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