O governador da Bahia, na contramão da sustentabilidade, anunciou a intenção de disputar uma das usinas nucleares que a União pretende construir no Nordeste. É uma iniciativa que vai de encontro ao que o mundo busca hoje: energia limpa, segura e eficiente. Características nada compatíveis com as usinas nucleares, que são onerosas, trazem riscos de graves acidentes, se baseiam em fonte não-renovável e produzem um lixo radioativo difícil de ser descartado. Vale lembrar que alguns dos mais antigos entusiastas desta fonte de energia, como os alemães – fornecedores da parafernália das usinas de Angra dos Reis – arrefeceram sua excitação. A Alemanha se comprometeu a não construir novos reatores e a desativar os ainda em operação, uma vez expirada a sua vida útil. A decisão alemã tem três vertentes. A primeira é o custo das usinas, caras demais para serem viáveis sem pesados subsídios estatais. A segunda é que as usinas nucleares, principalmente durante sua fase de construção, emitem tanto ou mais carbono quanto qualquer outro tipo de geração de energia mais suja. Por último, os alemães estão preocupados com o futuro. Afinal, depois de 65 anos da bomba de Hiroshima, a ciência ainda não sabe como se livrar do lixo de uma usina nuclear sem ameaçar a saúde humana. O governo brasileiro, porém, faz ouvidos de mercador a esses sinais. E decidiu enterrar R$ 7 bilhões – quase três vezes o valor das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio – na construção de uma terceira usina em Angra. Quando todas essas usinas estiverem em operação irão gerar apenar 3% de toda energia do país. Longe, portanto, de serem uma boa solução energética. Uma usina nuclear não é uma alternativa segura e muito menos eficiente. Sua matéria-prima, o urânio, não é renovável e é uma ameaça permanente à saúde da população. Em Caetité, onde opera a única mina do Brasil, já ocorreram quatro acidentes, mas suspeita-se que outros ocorreram e ficaram em segredo. Agora, análises indicam que a água do lençol freático local, que abastece a população, está com níveis intoleráveis de radiação. Esta mina trabalhou com autorização provisória irregular durante quase uma década, à margem da lei. Relatório sobre o tema, que elaboramos para a Comissão de Meio Ambiente da Câmara, em 2007, revela a precariedade da segurança e da fiscalização nuclear realizada no Brasil que, aliada à falta de transparência, mantém permanente clima de medo, especialmente nas populações situadas próximo a instalações nucleares. No Brasil, todo lixo radioativo, com exceção do acidente de Goiânia com césio 137, continua em depósitos provisórios, pois ninguém o quer e não há consenso científico sobre a forma mais segura para seu descarte. Em Angra, já se acumulam 2.500 toneladas em uma piscina que está com sua capacidade chegando ao limite. Economicamente, a energia nuclear é onerosa. O megawatt produzido por uma usina nuclear é o mais caro entre as fontes de energia. Em Angra, o custo de geração está em torno de R$ 175 o MWh, uma diferença de R$ 27 sobre o valor do MWh vendido no primeiro leilão de energia eólica realizado em dezembro passado. Segundo dados do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), com US$ 1 bilhão investidos em eficiência energética é possível economizar 7.400 MW em potência instalada, três vezes mais do que poderiam gerar as duas usinas nucleares no Nordeste. Devem-se incluir ainda os custos de desmontagem definitiva e descontaminação das usinas ao fim de sua vida útil. Na Alemanha, o preço dessa desativação está estimado entre U$ 10 e U$ 20 bilhões. Ao pleitear a energia nuclear, portanto, por conta de supostos investimentos e empregos, o Governo da Bahia entra na contramão da sustentabilidade e trilha um caminho que está provado ser perigoso e sem saída. Ao invés disso, o governo deveria centrar esforços em soluções que viabilizem um novo ciclo socioeconômico baseado numa economia de baixo carbono e sustentável. Apelar para as usinas nucleares é um equívoco cuja responsabilidade será cobrada pela história atual e futura. (Edson Duarte - PV/BA - Líder do Partido Verde na Câmara dos Deputados).
É isso aí deputado Edson Duarte, parabéns por esta sua luta.
ResponderExcluirLuiz Alberto
Se a Constituição da Bahia proíbe a construção de usina nuclear em nosso Estado por que Jaques Wagner é a favor dessa usina. Será que vão passar por cima da nossa Constituição? É mesmo um investimento sujo. Nós baianos não queremos este "desenvolvimento" sujo. Já pensaram no impacto ambiental. Por que a Bahia não quer mais este tipo de usina? As eleições vem aí!
ResponderExcluirRodrigo Gomes
As usinas nucleares podem causar riscos à comunidade e as meio ambiente e por isso sou, radiacalmente contra construir esses mosntros na Bahia. Antonio Tavares
ResponderExcluirEstas Usinas são terríveis e podem causar acidentes... podem provocar verdadeiros desastres. A radiacao nuclear faz com q varias pessoas desenvolvam cancer, por varias geracoes, ja q a exposicao faz com q o organismo sofra mutucao nas celulas. O meio ambiente sofre com o lixo nuclear que é um passivo que ninguem quer ser responsavel, o armazenamento desse lixo requer muito cuidado, pois caso esse lixo vaze a contaminacao por radiacao pode atingir um raio de varios quilometros. Por tudo isso digo não a elas.
ResponderExcluirMário Nogueira dos Santos
USINA NUCLEAR? NO NORDESTE??? KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
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