Segundo estatísticas, há 24,5 milhões de portadores de deficiências no Brasil. E quantas lutas esses milhões de portadores têm vivenciado em busca de viver alicerçados em seus direitos como cidadão. Talvez possamos imaginar, mas não temos a idéia na prática, quão difícil é viver com uma determinada deficiência, principalmente v iver numa cadeira de rodas. Especifico essa deficiência, pois quero fazer referências além da contribuição da novela da Rede Globo, escrita por Manoel Carlos, que retrata uma história de superação pessoal de uma cadeirante. Muito louvável o tema e importante para a sociedade estar em contato com histórias e os excelentes relatos finais sobre deficiências, seja qual deficiência for, pois sofrem do estigma que lhes é produzido no decorrer de suas vidas, com o estereótipo herdado durante anos. Todavia, Viver a Vida como cadeirante, é muito mais do que a superação psicológica e psíquica do indivíduo. Fundamental seria evidenciar a pouca infra-estrutura de acessibilidade em nosso país, como a falta de estações de metrô e trem com rampas de acesso e elevadores, o número pequeno de ônibus e táxis que são adaptados, calçadas que não são rebaixadas, dificultando a locomoção nas vias públicas, enfim, o desrespeito do não cumprimento das leis. A novel a relata uma história de uma modelo, mostrando que o mundo vem até ela, enquanto 99% precisam ir ao mundo, e encontram um mundo não adaptado às suas necessidades. Muitos têm uma vida ativa, trabalham e estudam e, por isso, precisam transitar pelas cidades, como utilizar ônibus para ir ao fisioterapeuta, ao médico, ao supermercado, ao trabalho, à escola. Mas, será que os municípios brasileiros estão preparados para proporcionar o bem estar, criar políticas públicas que favoreçam uma vida digna a esses cidadãos? Cadeirante tem direito ao lazer? Outro grande problema, pois muitas salas de cinema e teatro, bares e restaurantes, por exemplo, ainda não se adaptaram a esse público. A maioria dessas pessoas vive superando os limites do desrespeito público que lhe são oferecidos. E as leis, por que não são respeitadas? Nas calçadas de Salvador, sem acessibilidade, estacionam motocicletas e carros, impedindo o acesso de quem depende desse espaço para poder circ ular com autonomia, segurança e tranqüilidade; a falta de acessibilidade é gritante no nosso Estado. A vida do deficiente no Brasil não é fácil, além da superação psicológica, precisa adaptar-se, construir sua identidade e sua autonomia, buscar seus direitos de cidadão e mostrar para o mundo o que é capaz de fazer e ser. Portanto, é preciso mostrar para a sociedade que existem leis, mas não são implementadas, cumpridas e respeitadas pelos nossos governos e a lei precisa fazer valer o direito de todo cidadão. Por que a exclusão? Manoel Carlos precisa mostrar muito mais. (Rose Bassuma é pedagoga e artista plástica).
Muitos tem uma vida ativa, trabalham e estudam e, por isso, precisam se movimentarem pelas cidades. Mas será que os municípios brasileiros, principalmente os grandes centros urbanos, estão preparados para proporcionar o bem estar desses cidadãos?
ResponderExcluirAcredito que, numa sociedade tão individualista como é a de hoje, muitos sequer param e imaginam como deve ser difícil a vida de um cadeirante. E digo pensar não em uma maneira que aflore o sentimento de pena, mas sim que eles também tem direitos como qualquer outro cidadão.
ResponderExcluirA falta de responsabilidade dos preifeitos e políticos é alarmante. Com muita luta e muito custo a última coisa a pensar são nas pessoas com necessidades físicas. Espero que nada aconteça a eles, pois se estivessem em cadeiras de rodas veriam o quanto precisam de uma estrutura melhor nas cidades para ajudar os cadeirantes. É meu amigo, esse é o Brasil, coisa de louco, você não vive, sobrevive!!
ResponderExcluirNo dia 9 de julho/09, foi comemorado o 1ºaniversário de ratificação, por parte do Conselho Nacional, da Convenção da ONU sobre os direitos da pessoa com deficiência. Esta Convenção objetivou a mudança do olhar da sociedade sobre a pessoa com deficiência, proporcionando ao indivíduo perspectivas de inteiração com o meio onde vive, assegurando a igualdade de oportunidades e direitos, além de proibir qualquer tipo de preconceito com relação a todas as pessoas de forma justa e igualitária. A conscientização da sociedade sobre uma educação inclusiva, inquestionável e indisponível, visando a realidade de todos os alunos estarem, num futuro próximo, matriculados nas classes comuns da escola regular.
ResponderExcluirA deficiência numa sociedade não inclusiva, tem gerado preconceito e, a impossibilidade de um indivíduo com algum tipo de deficiência conseguir um
lugar justo e digno mercado de trabalho. Afinal, um usuário de cadeira de rodas enfrentará muitos problemas se trabalhar onde não tenha sido construída uma rampa de acesso como também, uma criança com deficiência intelectual poderá ter prejudicado seu aprendizado na escola em razão de atitudes de um professor, pela não adequação de currículos e materiais de aprendizado às suas dificuldades, pela existência de diretoras de Escola inflexíveis e sem vontade política em se adaptar a um aluno que tenha um ritmo de aprendizado diferente.
A sociedade tem que estar preparada para conviver com as inúmeras DIFERENÇAS entre os indivíduos que nela convivem, diferenças estas que podem ser de ALTURA, PESO, VISUAL, MOTORA ou INTELECTUAL. Muitos têm alguma deficiência de visão, de audição etc. e não se consideram deficientes! Sem os avanços tecnológicos como lentes de contato, óculos de grau, aparelhos auditivos e outros tantos, estes seriam também, quem sabe, banidos do convívio social.
O que a maioria das pessoas não entende é que num dia se está “perfeito” mas no dia seguinte pode-se sofrer um acidente e ficar com alguma seqüela.
Este fato ocorreu com o querido músico Herbert Viana e muitos outros artistas e até atletas que, na situação atual de cadeirantes, após sentirem na própria pele a necessidade de rampas de acesso e outros facilitadores, passaram a divulgar e abraçaram a bandeira da INCLUSÃO utilizando sua imagem pública na defesa da adequação dos espaços públicos da sociedade.
É chegada a hora de uma tomada de consciência, tanto da sociedade civil como da classe política, para que pessoas com deficiência não mais sejam tratadas como objeto de caridade e sim, como cidadãos com direito a plena participação na sociedade!
Abraços à todos e todas, Angela
DEF EFICIENTE
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