Por mais que os petistas desacreditem pesquisas de opinião na Bahia, os dados trazidos pelo Instituto Paraná Pesquisas deveriam acender um alerta não sobre a corrida eleitoral local. A grande preocupação de Jerônimo Rodrigues e aliados deveria ser a possibilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não apresentar, em 2026, a mesma potência de “grande eleitor” de quatro anos antes. E essa é uma das apostas da oposição para o próximo pleito.
Em janeiro de
2022, o entorno de ACM Neto tinha como meta tentar fazer com que Lula não
chegasse a 70% dos votos na Bahia. Muitos meses antes, eles sabiam que a
eleição com essa configuração seria perdida. Apesar disso – e dos esforços do
petismo em associar ACM Neto ao bolsonarismo -, a campanha do ex-prefeito de
Salvador não conseguiu o intento. O resultado foi a ascensão meteórica de
Jerônimo e quase uma definição do governo da Bahia em primeiro turno.
Para a disputa do
próximo ano, a expectativa de que Lula não vai reunir as mesmas condições de
temperatura e pressão da última disputa serve de alento e motivação para quem
enfrenta as máquinas federal e estadual. Ainda que o terceiro governo do
petista tenha dado sinais de melhora na avaliação pública após o episódio do
tarifaço de Donald Trump e as presepadas do clã Bolsonaro, no longo prazo o
resultado econômico vai ser crucial para a decisão do voto. E, até aqui, itens
da cesta básica mais caros e acesso a bens e serviços nas mesmas condições
tendem a não jogar a favor de uma renovação do governo federal.
Isso não quer
dizer que Lula e o próprio Jerônimo não apareçam como favoritos no processo
eleitoral de 2026. Eles são favoritos. E quem concorrer contra ambos e vencer
vai ser considerado azarão. Então há um jogo de responsabilidade para o time
que está ganhando, ampliando a pressão para o favoritismo atrapalhar os planos
das candidaturas à reeleição. Só que Lula, não chegando com a potência do governo
de aliança e reconstrução, diminui o peso para transferir votos para o
candidato a governador do 13.
No longo prazo,
Jerônimo precisa que Lula reverta qualquer posicionamento oscilante da opinião
pública contra o governo federal. É uma estratégia arriscada, dado que o
morador do Palácio de Ondina insiste nessa muleta enquanto não conseguiu
construir, até aqui, uma marca que o torne reconhecido enquanto governador –
vide os antecessores Jaques Wagner e Rui Costa, que nos dois primeiros anos de
mandato já conseguiam ser identificados como “político de mão cheia” e “gestor
de qualidade”, respectivamente. Ser “boa praça” e atrair lideranças de oposição
enquanto está sentado no cargo não entrariam como características fundamentais
para ganhar nas urnas – mesmo que ajudem.
Obviamente, não dá
para ignorar a possibilidade que, além de Lula, o governador da Bahia terá ao
seu lado os próprios Jaques Wagner e Rui Costa, possivelmente como candidatos a
senador. Caso se confirme essa perspectiva, há chance de ruptura na base
aliada, o que já é um fator negativo em si, mas nada que a dupla de
ex-governadores não consiga reverter. Entretanto, esse virtual trauma,
associado a um governo não tão bem avaliado na Bahia e a um Lula menos potente,
geram uma soma de fatores que servem para animar adversários.
Para além da superfície, os números do Instituto Paraná Pesquisas são mais favoráveis a ACM Neto do que parecem. Talvez por isso tenha havido mobilização por parte da oposição para celebrar os dados. Mesmo que os petistas insistam em descredibilizar qualquer arranho que possa aparecer nas próprias imagens. Por Fernando Duarte
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