As drogas são o mal maior que aflige as nossas famílias nos tempos de hoje, ferindo de morte a sociedade. E não é apenas o dependente que sofre os seus efeitos danosos, destroçando a sua alma, aviltando a sua dignidade e maltratando irremediavelmente o seu corpo; os que com ele convivem, principalmente os parentes e os amigos mais chegados, são também atingidos pelos malefícios que o vício acarreta, mergulhando todos, cada um a seu modo, no mesmo turbilhão de sofrimento e de desespero.
O viciado é
alguém que necessita de ajuda, mais do que qualquer outro cidadão. Quem se
entrega à prisão das drogas chegou ao nível mais baixo de degradação,
desvestiu-se do mínimo de autorrespeito que ainda possuía, tornou-se um
verdadeiro lixo humano. Ninguém é mais digno de pena do que ele, pobre
condenado perdido de si mesmo, moribundo vagando pelas ruas sem rumo nem
destino, caminhando para a destruição inexorável.
Quando não
é assassinado pelos traficantes, por conta de débitos contraídos e não pagos, é
morto pela polícia, em regra sob a alegação de que reagiu à prisão e às vezes
sob a aprovação silenciosa de grande parte da população, que se sente liberta
de mais um agressor, de um lixo que lhe incomodava – como se esse não fosse um
problema seu, meu, de todos nós.
Fazemos de
conta que o assunto não nos diz respeito, até que nos deparamos com um parente
enrolado nessa teia brutal, porque a droga é totalmente democrática, atingindo
ricos e pobres, crianças e adultos, negros e brancos. É um fantasma na porta
das nossas casas, pronto para nos amedrontar. O governo, tanto na instância
federal quanto na estadual e na municipal, precisa urgentemente encontrar uma
forma de debelar essa grave chaga social.
Os entes
federativos tem que se dar as mãos para oferecer à juventude tão desassistida
opções decentes de vida e de formação. Dar-lhe cultura, esporte, lazer, espaços
de convivência comunitária saudável e participativa. Propiciar-lhe diversão e
arte (como cobrado na música dos Titãs), bibliotecas modernas e atualizadas,
teatro na periferia, cinema no interior, estímulo ao artesanato local e às
tradições populares. É preciso que as crianças e os adolescentes se sintam
amparados, acolhidos, valorizados, para que descubram o seu verdadeiro papel e
saibam que têm um futuro a ser vivido plenamente.
Ou se faz isso, ou continuaremos presenciando diariamente o espetáculo horrendo que supera, em crueldade e dor, o inferno preconizado por Dante.
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