Além da conceituação filosófica e técnica do termo “justiça”, é de senso comum que a palavra se refere ao que é correto, justo, independente das consequências. Tanto por parte do eleitorado, que se define como justo quando age de forma sempre correta e obediente às leis – não mercantilizando seu apoio e voto – quanto aos organismos de prática, fiscalização e controle da justiça que, imbuídos de autoridade constitucional, julgam em prol da retidão, do que é honesto e do bem comum.
Por concepção lógica, podemos concluir que, quando
quaisquer desses polos – eleitores, ou autoridades – falham, antagonicamente,
impera a injustiça, ou seja, institui-se resultados espúrios, decepcionantes e
vexatórios, às vezes desmedida, parcial, preconceituosa, autoritarista,
corrupta e fraudulenta. Autoridades liberarem corruptos, para serem candidatos,
são tão nocivas à sociedade quanto quem os elegem e reelegem.
Choca aos olhos dos mais atentos e às mentes mais afiadas
quando a injustiça advém, principalmente daqueles que, constitucionalmente
teriam que ser os guardiões da retidão e das boas condutas. Quando esses
“doutores” abusam de suas autoridades, competências e funções, o sentimento de
abandono e insegurança da população é tamanho que isso põe em risco a
estabilidade da ordem social, mas, esse risco é ignorado pela ganância, pela
vaidade e pela parcialidade.
O choque maior é quando vemos a injustiça acontecer
para favorecer quem deveria ser preso. Além da sensação de insegurança, surge o
enorme sentimento de impotência. Nós, o polo frágil, opostamente posicionados
em relação àqueles “doutores”, nos sentimos de mãos atadas, completamente
fragilizados. Estamos vulneráveis sob as
garras de ave de rapina dos “doutores”, que tudo sabem, que tudo podem. Que
mandam prender e, quando querem, mandam soltar. Que, regiamente pagos por nós,
vão se distanciando de nós.
Juízes que permitem bandidos do colarinho branco de
serem candidatos e Justiça que não pune severamente, quem furtou mais de 200
milhões de reais dos cofres públicos municipais, são como metástases que
ofuscam a percepção daqueles que, instintivamente tendem a acreditar na boa
intensão do ser humano. Aqueles que, cada vez mais raros, ainda acreditam nas instituições.
O
fato é que, depois de meses exaustivos de Polícia Federal
investigando a Quadrilha dos Fraternos e outros tantos meses de trabalhos
cansativos do Ministério Público Federal processando, com conclusão de ambos
implicando o ex-prefeito Robério Oliveira (PSD), no furto de mais de 200
milhões de reais e uso do erário para abastecimento de trios elétricos do então
prefeito, surge uma “doutora federal” e joga no lixo todo o histórico
investigativo, processual e condenatório do dito cujo.
Sob todos os aspectos, a permissão judicial para Robério Oliveira poder ser candidato, gera um desfecho contrário e perverso: a injustiça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente no blog do Val Cabral.