Vejo as manchetes que anunciam uma reação nos preços do cacau, atingindo níveis mais altos de sua história e dou um suspiro. Um suspiro profundo de tristeza e pena do hoje muito sofrido sul da Bahia, com desemprego, fome e miséria por não termos tido lucidez para proteger esse nosso maior ativo que era nossa produção de cacau e a estrutura técnico-cientifica que a respaldava. Perdemos os dois: tanto a ascendente produção de mais de 400 mil toneladas de cacau e perdemos também a Ceplac.
Hoje, em que pesem os ótimos preços, não temos cacau pra vender... Apoiada em programa ambicioso, gerado pelos nossos técnicos, planejava-se atingiríamos 600 mil toneladas de cacau. Imagine se tivéssemos 600 mil toneladas de cacau anuais hoje para vender, aos preços atuais em torno de R$ 400,00 a arroba, quantos milhões de reais,rend e empregos ingressariam por ano na economia do sul da Bahia!
Mas aí veio a mão criminosa, a intervenção nefasta de um dirigente público que acolheu a infeliz ideia de financiar, com nosso dinheiro, um plano para ir buscar a vassoura-de-bruxa e deflagrar uma tal Operação Cruzeiro do Sul, que espalhou em forma de cruz (credo!) vassoura de bruxa nos cacauais do sul da Bahia.
O que se seguiu a isto, a verdadeira tragédia que se abateu de 1989 pra cá nós todos somos testemunhas, com a queda vertiginosa da produção de 400 para apenas 70 mil arrobas, o sucateamento da Ceplac, o desmonte do sistema produtivo, com destaque para o desemprego, a fome no campo e o êxodo rural.
Produtores rurais aparvalhados, populações de cidades sulbaianas esfomeadas, desempregadas e sem ter com quem contar, êxido rural, prefeitos do sul da Bahia penalizados com a forte demanda por serviços públicos nas periferias de suas cidades, a mão de obra especializada, treinada zelosamente pelas Emarcs, fugia desesperada para a cidade.
A luta das forças responsáveis do sul da Bahia foi insana e heroica. Desde a formação de um fundo obtido por uma das grandes lideranças dos produtores junto ao governo do Estado, Salomão Mafuz à frente, para a pesquisa da doença, os agrônomos formavam brigadas de combate, os cientistas – quem não lembra do bravo Dr. Asha Ram – esforçaram-se noite e dia para compreender e encontrar método para conter a doença. Planos técnicos feitos sob pressão absurda levou a programas financeiros de combate à doença que afundaram mais ainda os produtores.
Chegamos ao fundo do poço numa crise que tragou a respeitabilidade da Ceplac, a forças do produtor, o vigor da nossa economia e o ânimo da região. Do outro lado, com certeza, ria de canto de boca o pérfido então prefeito de Itabuna Geraldo Simões (Cabeça de Pitu): seu plano dera certo; o caos estava instalado e sua vingança estava completa contra os produtores que (olha que raciocínio canhestro e calhorda), financiavam campanhas políticas dos adversários dele!
Felizmente, daí por diante o próprio partido do prefeito começou a escanteá-lo e, habilmente, deixou Geraldo Cabeça de Pitu hoje sem chão político para pisar. Não se elegeu a mais nada. E há até quem sustente a afirmação de que ele não tem mais votos nem para ser eleito vereador.
Agora, sem vez no seu próprio partido, fala-se que o malfadado Geraldo Cabeça de Pitu vai se desfiliar e ingressar no MDB para tentar ser prefeito de Itabuna. Mas não acreditamos que justo num partido comandado por um dos grandes batalhadores pelo soerguimento da cacauicultura, o então deputado federal Geddel Vieira Lima, que com seu prestígio chegou a trazer aqui na região o presidente da República para firmar compromisso com um plano de recuperação da cacauicultura, vá agora ceder legenda partidária a uma figura asquerosa e corrupta, que nunca deveria ter ascendido à vida púbica e de triste e repudiada memória para o povo sulbaiano.
Mas Geraldo Cabeça de Pitu está aí, tirando forças das profundezas sabe-se lá de onde, para tentar se candidatar, e pior, ainda apontando com seu dedo sujo defeitos nos outros candidatos, ou num prefeito que a população de Itabuna elegeu, e isso tudo sem a menor desfaçatez, com a maior cara-de-pau, o que nos faz lembrar que macaco não olha para o rabo...!
Mas esta luta vai e deve continuar. Vamos cobrar um Manifesto de repúdio à presença de Geraldo Cabeça de Pitu na vida política regional; até aqui o PT fez sozinho a parte dele. O fato é que Geraldo Cabeça de Pitu desonra a toda classe política, é um verdadeiro filho indigno dessa região, que desonra a todos nós.
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