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17 de maio de 2023

SEM PLANEJAMENTO NÃO SE VENCE ELEIÇÃO!

Ganhar uma eleição não é questão de "jogar dados", azar, ou sorte e sim de planejar e agir!

O tempo de campanha é curto, porém intenso, e o jogo começa antes, fora do campo de batalha. Quando o tiro da largada é disparado, o candidato deve estar devidamente aquecido para jogar o jogo e vencer. Resolvi escrever sobre esse assunto porque tenho recebido, com frequência, ligações de amigos e amigas, de diversos segmentos sociais e partidos políticos, pedindo ajuda para elaborar planejamento de campanha.

É MOMENTO DOS CANDIDATOS(AS) SE PLANEJAREM. O tempo de campanha é curto, porém intenso, e o jogo começa antes, fora do campo de batalha. Quando o tiro da largada é disparado, o candidato deve estar devidamente aquecido para jogar o jogo e vencer. É preciso ter em mente que não se constrói uma candidatura sozinho, mas com um time, de preferência, preparado.

O QUE SE PLANEJA NUMA CANDIDATURA? Numa candidatura se planeja “como” atingir a quantidade de votos para obter vitória nas urnas. O planejamento é um jogo de cálculos e apostas num campo de incertezas. A primeira equação desse jogo resulta, obviamente, na estimativa da quantidade de votos que o candidato precisa tirar para vencer o jogo.

Geralmente calculam-se os valores mínimo, médio e máximo de votos, conforme o grau de esforço e recursos que se dispõe a empregar. Em seguida, mapeia-se o território real e potencial desses votos, à luz do perfil do eleitorado. Candidato, eleitor e voto formam o triângulo virtuoso das eleições. Calcular as condições de temperatura e pressão da disputa é o que se faz no planejamento de uma campanha eleitoral.

QUEM FAZ PARTE DO JOGO? O próprio candidato deve se perguntar: quem é meu eleitor e por que votaria em mim? Quais são minhas virtudes e defeitos que podem influenciar positiva ou negativamente a escolha do eleitorado? É uma equação simples dentro da complexidade da disputa. Como diz o ditado, o voto é secreto, e nesse abismo da incerteza, que se chama probabilidade, é que mora o perigo.

A trajetória de uma candidatura é como caminhar sobre frondosas rosas com suas pétalas e espinhos. É inevitável trazer à cena as adversidades espinhosas do jogo, pois não se controlam todas as variáveis da disputa. O ambiente externo é ladrilhado por rosas.

ELEIÇÃO. A democracia no Brasil é embrionária, basta olhar para a construção histórica dos partidos políticos e ver que muitos viveram na clandestinidade por questionar o modelo de organização social e “desenvolvimento” econômico. Eleição é momento de questionar a moral e os bons costumes do sistema, por assim dizer. É preciso questionar, politicamente, a profunda desigualdade social, a política discriminatória, a ineficácia dos serviços públicos como produto do Estado de Direito, a imposição de valores religiosos nos ditames do Estado que, teoricamente, é laico.

Eleição deveria ser um momento de plena cidadania, onde se pudesse, abertamente e com respeito, debater e confrontar ideias, eis a razão da participação popular no processo democrático, no entanto, ainda estamos capengas. Gostaria, nessas eleições, de falar sobre muitas coisas: pobreza, fome, doenças, degradação ambiental, mortes violentas intencionais, mortes materna e infantil, crimes contra a dignidade sexual de crianças, ordenamento territorial urbano, juventude, ciência e tecnologia, educação. 

O VOTO. O voto é o alvo do candidato. O segredo de “amarrar o voto” é ter claro e preciso o tipo de interesse mútuo coisificado que liga o candidato ao eleitor. O movimento do candidato será sempre fluido para não densificar a atmosfera do jogo que o torna naturalmente lento e pesado. Candidaturas densificadas se arrastam e sabe-se que semente boa em solo árido não germina.

O voto é o ouro da democracia, não se negocia por qualquer ninharia, no entanto, tem gente que vende o voto por qualquer dinheiro, como se fosse um produto de grande escala, mas é coisa escassa e tem valor maior no Estado Democrático de Direito. A lei é severamente aplicada em casos de compra e venda de votos. Lembremos: a escolha individual é a força do coletivo. Voto não é causa de nada, mas consequência de tudo.

A SUBJETIVIDADE DO(A) ELEITOR(A). O eleitor espera alguma coisa do candidato e o candidato precisa oferecer essa coisa esperada. Eleição é um jogo de proveitos, por isso se pergunta: o que se oferece ao eleitor? É preciso descortinar o voto. É comum candidatos se valerem de pesquisas de opinião para adentrar no campo das subjetividades humanas e explorar, nas propagandas eleitorais, desejos e expectativas. As redes sociais estão cheias de fakenews, umas para construir e outras para destruir determinadas imagens que provocam sensações em quem as assiste.

No planejamento de campanha se leem imagens simbólicas para enxergar “o por trás” das obscuridades que formam as incertezas quanto aos votos a serem depositados nas urnas no dia das eleições. É comum, nos estudos de cenários, se perfilarem expectativas por perfil de eleitor de determinadas zonas eleitorais, formando um mapa de possibilidades para se atingir o alvo sagrado.

LIDERANÇA. Antes de qualquer formulação da estratégia, o concorrente precisa assumir conscientemente sua candidatura. Essa assunção é a linha imaginária que divide a possibilidade da impossibilidade da vitória. Quando o candidato assume para si a responsabilidade sobre seu próprio destino, o planejamento tem mil e uma chances de obter sucesso. Isso quer dizer que a coordenação da campanha do candidato é do próprio candidato, pois não se terceiriza a liderança de um processo rígido e arenoso como esse.

A CAMPANHA. Existe uma hierarquia na condução da ação, no entanto, a campanha só atinge seu auge quando a coordenação perde o controle de tudo, exceto das finanças. Nesse momento, as pessoas vão se integrando e interagindo vigorosamente como se O próprio candidato fosse. Esse tipo de envolvimento ocorre, geralmente, quando se inicia o final da campanha, já apontando para a vitória.

Diz-se que a candidatura pegou vento ou que está pegando fogo. É o momento em que a mensagem do candidato atingiu os corações das pessoas e isso já é um pouco de vitória, porque se vê alegria. Campanha é lugar de alegria. Se não tem alegria, não é se sustenta ao longo da trajetória.

A ESTRATÉGIA. Planejamento é um tipo de organização mental, material e espiritual das tarefas a serem realizadas para alcançar o objetivo futuro. Entre o presente e o futuro, se desenha inteligentemente um arco, decorrente de inúmeros cálculos e apostas, o qual indica previamente o fim. Esse arco é o coração do plano e se chama estratégia. A estratégia nada mais é do que uma pedra lançada no futuro, mas é preciso escolher a pedra adequada ao poder do atirador.

Antes de lançar a pedra, estudam-se outras pedras, de igual teor à sua, lançadas no passado: quantas delas atingiram o alvo? Quais fatores determinaram o sucesso ou insucesso daquelas pedras? Olhando para os lados e para trás é possível evitar erros. Nessa equação, a variável tempo é imperiosa, por isso, o uso racional do tempo determina a fração de recursos a serem empregados numa campanha vitoriosa. Não se brinca no pequeno intervalo da corrida por votos. Cada minuto desperdiçado é uma negativa ao êxito do plano.

O PLANO. O produto do planejamento é o plano. O plano são ideais em forma de ideias e ações para se alcançar o objetivo. Todos os envolvidos diretamente com a campanha devem conhecer o plano, geralmente as linhas gerais ficam expostas, às vistas. É recomendável que o planejamento seja feito por todos, como uma etapa da própria campanha. É das discussões em grupo que se criam os consensos e, geralmente, é o ambiente em que nascem as melhores ideias, as mais criativas, mais baratas e mais práticas. Tudo deve ser muito simples e direito, sem arrodeio.

OS RECURSOS NECESSÁRIOS A UMA CAMPANHA. É preciso lembrar que, em uma campanha, se administram pessoas, coisas e dinheiro e tudo deve ser rigorosamente contabilizado, para posterior prestação de contas ao Tribunal Eleitoral. O Estado também é um protagonista do processo eleitoral. Administra-se uma campanha com prudência, diálogo, firmeza e verdade. A atmosfera quente de uma campanha pode nos levar a excessos, é preciso ter atenção.

Não vou falar especificamente dessa parte organizacional, é chata. Mas recomendo que a candidatura tenha pessoas hábeis em contabilidade, direito, comunicação e análise de cenários e conjunturas políticas, além de amigos e amigas em dobro. A campanha cresce quando se tem pessoas que acreditam e defendem a candidatura e o pensamento do/a candidato/a. O pensamento é a base de uma candidatura.

CONTEXTO DAS ELEIÇÕES - A visão contextualizada das eleições se faz pela medição das relações de forças que se estabelecem em torno do candidato(a). No planejamento, elegem-se as situações favoráveis e as desfavoráveis à candidatura, alinhavando-as ao perfil do(a) candidato(a). A linha que costura esse escopo é o discurso político.

O DISCURSO POLÍTICO - O discurso do candidato define o eixo político da campanha. O conteúdo do discurso revela a origem do indivíduo e de suas ideias para com o mundo que acredita e deseja. Esse ideário (sonho), na política, é coletivo. É no discurso político que o eleitor desvenda as intenções do candidato e reconhece as inconsistências e incoerências da plataforma política da candidatura.

RISCOS A PREVENIR. É na boa análise do contexto e dos cenários políticos que são identificados os riscos a prevenir. E, por incrível que pareça, é dos riscos que se criam as oportunidades (objetivos). É comum identificar as qualidades e defeitos que podem advir dos efeitos do ambiente da disputa, por isso se calculam as fragilidades, ameaças e oportunidades.

ELEITORADO. O público do candidato pode pertencer a grupos sociais específicos (setores da economia, sindicatos, movimentos comunitários, rurais e outros grupos); espaço de atuação (saúde, esportes, educação, agricultores, empresários...) e referências (pessoas que se identificam com a mensagem e a trajetória do candidato(a). Os grupos aliados representam as forças que conduzem a candidatura ao objetivo, ao mesmo tempo em que eliminam os riscos ao longo do caminho.

ETAPAS DA CAMPANHA. A organização da campanha se inicia, geralmente, em junho, quando se definem objetivos e metas as quais se desenrolam até outubro. Planejam-se a pré-campanha, a campanha e a pós campanha. Tudo é uma coisa só.

PROPOSTA OPERACIONAL. Trata-se da organização das ideias na forma do plano, contendo: objetivo, resultados e ações. O objetivo é eleger-se. Os resultados referem-se à quantidade de votos, quantidade de pessoas a serem contactadas, quantidade de locais a serem visitados, quantidade de reuniões a serem feitas, aplicação racional do recurso financeiro declarado e disponível, enfim.

As ações são as tarefas diárias, organizadas por tipo: infraestrutura, logística, equipes de campo, comunicação etc. Em linhas gerais, a ação nada mais é do que as pequenas realizações diárias das pessoas envolvidas, que trazem para o presente o objetivo lançado no futuro. É na ação que o plano acontece. Então, mãos à obra.

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