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14 de maio de 2023

DÓI BASTANTE NÃO TER MÃE NO DIA DAS MÃES

Eu não posso ver minha mãe; eu não posso tocá-la, mas eu sempre posso senti-la em meu coração e ouvi-la em minhas constantes lembranças! Esse amor é eterno!

Este, para mim e, certamente, para meus irmãos e todos os órfãos de mãe, é o pior dia do ano. Enquanto a maioria abraça suas mães, nós as visitamos no cemitério. Enquanto quase todos lhes entregam presentes, nós depositamos flores sobre seus túmulos.

Enquanto as mães vivas são abraçadas, beijadas, mimadas e homenageadas (com toda razão!), as mães que já partiram para a vida eterna só recebem de nós, seus filhos que aqui ficaram, lágrimas de saudade. Quem, neste belo e importante dia, não pode beijar sua mãe, sabe bem do que estou falando.

Tudo se torna demasiadamente sofrido. Se liga a televisão, assiste-se a cenas de filhos abraçando suas genitoras. Se vai a restaurantes, vêem-se famílias reunidas, comemorando juntos a data. Se resolve dormir, pensando que, assim, o dia passará mais rápido, sonha-se com ela nos mimando e cuidando de nós.

É impossível escapar das lembranças neste dia. Só nos resta aceitar o fardo de que fomos excluídos da festa. O dia de hoje é destinado aos afortunados cujas mães estão vivas. Para nós, órfãos que somos, resta-nos apenas parabenizar as mães alheias, direcionando a elas nossas felicitações, merecedoras que são de todas as homenagens e elogios que se possam fazer.

Para não estragar a festa dos outros, choramos em silêncio. Seguramos as lágrimas que forçam fluir de nossos olhos. Abrimos sorrisos falsos, suportamos o aperto no coração, invejamos a alegria de amigos e parentes, mas, educadamente, disfarçamos nossa extrema dor e saudade.

De minha parte, particularmente, peço licença aos leitores para render homenagens a minha mãe, Nice. Se hoje estivesse entre nós, não perderia a oportunidade de a ela agradecer por me levar à escola, mesmo quando eu não queria ir (sim, podem acreditar, isso realmente aconteceu!).

Meus irmãos e eu não deixaríamos passar a chance de abraçá-la, beijá-la, confessar o imenso amor que por ela sentíamos, e presenteá-la com algum afago, coisa que adorava. Sei que minha mãe não era perfeita. Era humana e, portanto, pecadora e cheia de defeitos. Mas quem a conhecia de verdade sabia que ela se esforçava o máximo para agradar a todos.

Ela ensinou como ser cristão, justo, honesto, educado, paciente, tolerante. Se não tenho todas essas qualidades, o único culpado sou eu. Até hoje, passados mais de trinta e três anos do seu falecimento, guardo vivas em mim as lembranças dos ótimos momentos que passamos juntos.

Minha mãe, enquanto viveu, esforçou-se apenas para ser uma ótima dona-de-casa. Se não conseguiu ser perfeita, foi por causa das inúmeras dificuldades que sempre a perseguiram. Isso, porém, não é relevante. Nos 54 anos em que esteve sobre a Terra, tudo o que ela fez, todos os atos que praticou, tiveram um único objetivo: ser feliz e fazer os seus também felizes.

Se não fosse por ela, não acreditaria na existência de outra vida. Somente minha mãe me faz confiar que um mundo melhor espera por quem se comporta corretamente nesta vida. Deus, em sua infinita bondade e sabedoria, certamente preparou um lugar para receber aqueles que, enquanto estiveram entre nós, tornaram este mundo um lugar decente e repleto de amor.

Minha saudosa e bondosa mãe, com toda certeza, está nesse lugar. E eu só peço ao Criador que me conceda a graça de, quando partir para vida eterna, ter uma nova oportunidade, uma só que seja, de dar um longo beijo na mais linda, adorável e maravilhosa mulher que conheci.

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