Por que os políticos mentem tanto? Finalmente encontro a resposta para essa pergunta que tem torturado tantas almas inquietas. As pessoas honestas observam o horror dos acordões e mensalões e preferem não participar do processo, pois não querem se sujar entrando nesse lamaçal. Desse modo, muitos mentirosos e ladrões entram na política.
A honestidade não compensa: um político que não mente e não rouba não tem nenhuma vantagem sobre aquele que o faz. Aliás, um político mentiroso tem mais chances de ser eleito e reeleito. Por quê? Porque um político que diz que "vai acabar com a corrupção" só pode ser duas coisas, um ingênuo ignorante, ou um mentiroso canalha.
Fazer política para a maioria de quem a exerce é, por definição, mentir; portanto alguém que se faz passar por honesto só pode ser o maior mentiroso do mundo. E, para o público, é preferível alguém que "rouba mas faz" do que alguém que vai desiludi-lo com falsas promessas de honestidade, para depois meter a mão na cumbuca.
Melhor a "ladroagem honesta" do que a hipocrisia. Ética não vende na política. Além disso, dizemos que não gostamos de políticos safados e mentirosos, mas, na verdade, o público votante gosta de mentiras. A maior prova disso é que políticos com ficha suja, ladrões e corruptos são constantemente eleitos e reeleitos.
O público prefere um político que diz o que o povo quer ouvir, não a amarga verdade. Um candidato que promete "empregos, saúde e educação para todos" é mil vezes preferível aos olhos da maioria da população a um hipotético candidato que explicasse que o número de empregos pouco tem a ver com ações governamentais (salvo que se tratem de empregos públicos para parentes e aderentes), ou que dissesse que não existe almoço grátis, quanto menos saúde e educação gratuita de qualidade para todos.
O povo quer doce de leite, não leite de magnésia, mesmo que tenha dor de barriga depois. Assim, os realistas são rejeitados, os mentirosos prosperam. Isso, naturalmente, gera um círculo vicioso. Quanto mais nojenta a política, menos as pessoas honestas e sérias têm interesse em participar.
A grande dúvida é: existe uma saída para isso? Ou é um defeito da própria democracia? Os políticos possuem uma moral curiosamente mais flexível do que a do povo. E esta realidade está cada vez pior.
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