Realizam-se até o final de semana desse mês de agosto, as convenções partidárias para definir as chapas de candidatos a Presidente, Governador, Senador e deputados ederais e estaduais em todos os estados brasileiros. Definem-se, portanto, os cenários eleitorais e inicia-se, oficialmente, o período de campanha pelo voto dos eleitores. É o “tempo da política”, como se afirma popularmente, como se a atividade política se restringisse à temporada de “caça ao voto” e não ocorresse em todos os momentos da vida cotidiana, nas atividades de ordenamento da vida social e de administração das coisas públicas.
Focados na obtenção dos votos, os profissionais da política concentram esforços e saem às ruas, em busca do contato com os eleitores, no período eleitoral. Passado este momento, que se estende por 45 dias no Brasil, os partidos e candidatos retiram seus militantes, suas bandeiras e sua propaganda das ruas e recolhem-se aos seus gabinetes. Uns, que venceram os pleitos, para governar. Outros, que foram derrotados, para se preparar para novos embates e/ou para exercer o papel de oposição aos governos eleitos. Ambos, quase sempre, afastam-se dos eleitores/cidadãos e só voltam a procurá-los nas proximidades das eleições seguintes. Perpetua-se, assim, o ciclo de aproximação/afastamento dos eleitores/cidadãos e reforça-se a ideia da existência de um “tempo da política” determinado e finito.
Quebrar este ciclo e aproximar os cidadãos/eleitores da política, fazendo-os entender que a política faz parte do cotidiano de todos nós e que é por meio dela que se definem os destinos e de um país e a vida em cada uma das comunidades municipais e estaduais que o compõem talvez seja uma das tarefas pedagógicas mais importantes a que todo profissional da política, que todo candidato e todo militante partidário deveria se dedicar. Se isto fosse feito, teríamos cidadãos mais participantes, maior fiscalização das atividades públicas, melhor aplicação dos recursos governamentais e maior bem estar coletivo.
Bem estar coletivo que é, aliás, o objetivo primeiro da política e a própria origem desta palavra e desta atividade. E viva Aristóteles, que foi quem cunhou o termo, é a “arte de promover o bem viver nas cidades”. Que tal se, neste momento de início de campanhas eleitorais, nossos candidatos deixassem um pouco de lado a “caça (pura e simples) do voto” do eleitor e se dedicassem a se aproximar efetivamente dos cidadãos, indo até eles para ouvi-los, saber de suas queixas e aspirações e para convidá-los para definir, em conjunto, as prioridades de governo e os rumos de das futuras administrações?
Há fórmulas possíveis de fazer isto acontecer. Em vez de gastar fortunas em programas de rádio e televisão, em cartazes e banners, por que não reservar alguns recursos para organizar encontros e debates em escolas, igrejas, associações de moradores, sindicatos e clubes de serviço, por exemplo? Por que não organizar eventos onde especialistas exponham suas propostas para as cidades e seus problemas e onde os cidadãos comuns também possam se manifestar, apresentando suas demandas e seus pontos de vista?
Até mesmo pela internet isto pode ser feito. Por que não abrir espaços para apresentação de propostas e para a realização de debates nas páginas dos candidatos nos sites de campanha e nas redes sociais, tipo Facebook, sites e outros? Seriam fórmulas de respeitar e de atrair os eleitores/cidadãos, de integrá-los nas campanhas e, muito mais do isto, de fazê-los perceber que é por meio da atividade política que se define o cotidiano de todos nós e é por meio dela que se estabelece o bem viver ou o mal viver em qualquer comunidade social humana.
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