Precisamos abordar mais a questão da violência contra a mulher: em 2021, no Brasil, 30.553 meninas de até 13 anos foram estupradas. O que significa que, em média, a cada 17 minutos uma criança é vítima de violência sexual em nosso país. Juntando os dois gêneros, foram 35.735 registros no ano passado. Englobando todos os casos, foram 66.020 casos de estupro e de estupro de vulnerável. Entre os menores de 13 anos, 88, 2% são mulheres e 52,2% são negras.
Os dados constam do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado nesta semana pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que faz o levantamento consultando todos os estados a partir de registros de ocorrências nas delegacias. Um agravante ainda é que só 20% dos estupros de crianças são perpetrados por estranhos ou pedófilos. 80% deles são cometidos por familiares ou pessoas próximas e em 76,5% dos casos, a agressão é perpetrada dentro de casa, o que torna a denúncia um desafio maior para as vítimas.
Para os crimes de estupro em geral, houve um aumento de 4,2% em relação a 2020. Crianças e adolescentes até 13 anos, incluindo gêneros feminino e masculino, representam 61,3% do total de vítimas - em 2020, o índice foi de 60,6% e, em 2019, de 57,9%. Uma das principais conclusões do Anuário é: “Se para a mulher adulta já é difícil falar da violência que ela sofre, principalmente nesse contexto íntimo e familiar, doméstico, imagine para uma criança? Ela, muitas vezes, nem entende que sofreu uma violência, que fizeram algo com ela que não poderia ter sido feito. E muitas vezes o agressor pode estar ameaçando, dizendo que vai fazer mal para alguém da família. “O estupro de vulnerável é um dos contextos de violência de gênero dos mais perversos.
O levantamento mostra que, de 2012 a 2021, 583.156 pessoas foram vítimas de estupro ou estupro de vulnerável no País. Porém, com base em cálculos feitos por pesquisas americanas relacionadas a subnotificações desse crime, o dado possivelmente ultrapassaria a marca de 1 milhão.
O debate público sobre violência de gênero precisa ser feito de maneira franca, o assédio sexual contra as crianças e as mulheres se eleva, alcança até altos gabinetes públicos, usando a pressão psicológica da hierarquia e as ameaças para obter vantagens.
Tamanhas agressões necessitam ser debatidas publicamente, sem falsos moralismos e sem apelos ao altar da hipocrisia. É principalmente, uma questão de informação para prevenir e proteger inocentes, para evitar crimes bárbaros, como também de solidariedade com as vítimas, sejam elas as indefesas crianças ou mulheres, que precisam trabalhar para sobreviver e se tornam vulneráveis aos tarados de plantão. A busca por civilidade, ética e moral, deve ser uma tarefa para todos.
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