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1 de maio de 2022

A LAGARTA QUE VIRA BRUXA NAS ELEIÇÕES

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A transformação de uma lagarta em borboleta é de exemplar riqueza poética e estética. A lagarta é feia, a borboleta bonita; a lagarta se arrasta sobre o próprio ventre, a borboleta esvoaça livre; a lagarta se esconde, a borboleta domina o cenário com sua irrequieta presença. Mas a lagarta e a borboleta não têm escolha: aquela não pode deixar de evoluir; esta não pode regredir.
Já o homem e a mulher nascem como obras-primas do Criador, mas têm a faculdade de eleger para si mesmos o destino das lagartas. E creio que nunca como nestes tempos tais escolhas se fizeram de modo tão radical; jamais, para inteiro descrédito da borboleta, se exaltou tanto a lagarta que existe em nós! A virtude é varrida para baixo dos tapetes e as degradações exibidas no alto dos telhados.
Dezenas de centenas e milhares de eleitores se aferram às urnas eletrônicas para votar (e alguns pagam para fazer isso em tempo integral) a mediocridade e a inutilidade de um grupo de abobados fazendo e dizendo nada que preste, com o despautério de promessas que não podem ser cumpridas. É a notoriedade das lagartas.
A mentira é outra das muitas faces dessa metamorfose às avessas. Políticos Fichas Sujas sentam-se no Congresso Nacional; os “chapados” da ignorância elegem e reelegem políticos inúteis e bandidos do colarinho branco. Cédulas de 20 e 50 reais levam multidões de pessoas aos atos de campanha, berrando músicas e clichês que são cantos à caretice das borboletas.
Há alguns anos chegamos ao absurdo de uma política achincalhar com o bom senso da sociedade e esbravejar que construiria uma ponte por dois bilhões, mas que ficaria com um bilhão, sem que ninguém ainda saiba sobre o paradeiro da ponte, ou da dinheirama. Essa mesma lagarta foi investigada, denunciada, processada e encarcerada, sob acusação de ter pertencido a uma quadrilha que roubou mais de 200 milhões de reais do cofres públicos municipais. E nestas duas situações, a lagarta não se transformou numa borboleta e sim numa BRUXA.

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