Os ladrões e ladras de nossa história não roubam por necessidades imediatas, mas para levarem uma vida confortável à custa da miséria de muitos. Para se manterem no poder, comprar emissoras de rádio, corromperem imprensa venal e terem dinheiro para pagarem habea corpus e assim se livrarem das prisões.
As notícias das prisões do ex-prefeito de Eunápoilis, Robério Oliveira (PSD) e da ex-prefeita de Porto Seguro, Cláudia Oliveira (PSD) vieram corroborar as suspeitas que todos já tínhamos em certa medida.
Embora os telejornais estejam noticiando denúncias de corrupção e outros crimes há tempos do casal dos Oliveira, os escândalos os envolvendo não surpreendem mais. Nós todos esperávamos por isso. De certa maneira, sempre soubemos com que mãos sujas Eunpaolis e Porto Seguro foram governados. A surpresa é para aqueles que acreditam em contos de fadas, em mocinhos e super-heróis.
Mas uma questão subjaz na enxurrada de acusações que chegam aos nossos ouvidos: eles roubaram? Roubaram, é o que se confirma conforme as investigações e provas. E as consequências do roubo são nefastas: pessoas jogadas nas esquinas; doentes sem medicamentos, atendimento médico e hospitais para internações; funcionários públicos sem salários; tratou-se da precarização dos serviços que o Município oferecia aos seus cidadãos; e como numa roda viva, vidas e sonhos foram sepultados pelos interesses particulares que coabitavam um espaço que deveria ser de promoção e defesa do bem comum.
Há de sempre se recordar de tudo isso. A primeira coisa a ser observada é a sociedade do espetáculo, na qual uma imagem vale mais que mil palavras e não são poucas as fotos e filmagens de Robério e Cláudia em camburões e presídios. E não são poucas as coberturas jornaliísticas deles denunciados em esquemas de corrupção que massacram a vida dos pobres e sofredores. Reflexos da prejudicial união do PSD com a tolerância da corrupção de alguns dos seus membros? Reflexo da subserviência de alguns líderes partidários no que diz respeito ao poder e ao dinheiro? Ou será só ingenuidade mesmo? Talvez seja o pressuposto de que joio e trigo precisam crescer juntos, a fim de que possam ser diferenciados? E se joio e trigo cresceram, não deveria partir dos dirigentes estaduais e nacionais, uma palavra de rechaço aos crimes que seus “correligionários” são acusados? O silêncio revela uma conivência inaceitável para quem também se afirma um representante da "nova política.
O acento dessa questão está no respeito que se deve ao outro, não propriamente aos bens em questão. Não apropriar-se dos bens dos outros é uma máxima preocupada com a dignidade da pessoa, com aquilo que deve garantir o sustento de suas necessidades imediatas. O ser humano, como detentor de tudo o que Deus criou, deve garantir que toda a criação esteja amparada em suas necessidades. O roubo nega, mas também denuncia, essa vocação original de zelo pela criação, como quando expõe que há famintos sem pão acorrendo a essa prática.
No entanto, esse não é caso dos membros da Quadrilha dos Fraternos. Já tendo muito, usurparam e roubaram do Município, impedindo que a dignidade dos pobres fosse subsidiada por políticas que visassem o bem comum. Os ladrões e ladras de nossa história não roubaram por necessidades imediatas, mas para levarem uma vida confortável à custa da miséria de muitos. Estão ainda desconformes entre uma reunião e outra, entre um compromisso e outro com autoridades partidárias e governamentais do Estado, estas que mantém silêncio sobre tudo isso.
A corrupção desumaniza o ser humano. A pessoa corrupta que faz acordos corruptos ou governa corruptamente, ou se associa com outros para negócios corruptos, rouba as pessoas. Uma administração pública corrupta sacrifica em especial os pobres, que dependem puramente dos serviços públicos como a saúde, educação, alimentação, previdência, etc.
A corrupção deve ser rechaçada da sociedade, um “demônio” que precisa ser expulso, destruído. Daqui surge o alerta: quem rouba não entra nos reinos celestiais.
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