Há uma canção de Raul Seixas, que diz: “enquanto você me critica, eu sigo o meu caminho” e sempre me recordo dela, quando alguém me destrata, ou fala algo sobre mim, que recebo como insulto, ou coisa que o equivalha.
Será que o tempo
é realmente, assim, tão importante? Será que tudo gira em torno dele? O tempo é
senhor absoluto. Os sentimentos fluem, as coisas acontecem ou deixam de
acontecer, a vida é vivida ou apenas passa e as transformações ocorrem, as
mudanças se consolidam independente do nosso consentimento. Não nos é permitido
parar para pensar, refletir ou tomar decisões. Temos que acompanhá-lo ou seguir
a reboque.
A partir do
nosso nascimento, nada mais é estático. A vida é uma corrida contra um tempo
que não conhecemos e não conseguimos mensurar. Só nos resta viver e saborear
todos os momentos oferecidos ou conquistados através do exercício do nosso
livre arbítrio. Não sou dono da verdade absoluta, mas sou sim, da minha, que
para mim, é absoluta e dentro dela, planejo, escrevo, nado, piloto e enceno a
minha vida, com todas os acertos e erros, sempre em busca da auto realização e
da felicidade.
Já estou com
meus 60 anos de idade e não me sinto velho. Aliás, não gosto desse termo.
Velho, para mim, é o que não presta, não está mais em uso. Prefiro usar o termo
usado pois, nem tudo o que é usado, necessariamente, necessita ser descartado
ou substituído. Muita coisa usada, continua em uso, com desempenho
satisfatório, até surpreendente e é nessa categoria que me incluo. Velhice,
para mim, é sinônimo de final de carreira, de missão cumprida, de ausência de
perspectivas de vida e perda da busca constante pela felicidade. Sou
irreverente, irrequieto, curioso, atrevido e ousado.
Respeito e exijo
ser respeitado. Não me enquadro em nenhuma dessas características, portanto,
não aceito esse rótulo. Para muitos, poderia ser considerado como fora dos
padrões estabelecidos, não sei por quem e pouco me interessa. Atingi a
maioridade e tenho direito ao comando da minha vida sem ter que dar
satisfações. Caminhar é descobrir, é ter novas experiências, é exercitar o
pleno direito à vida.
Sempre questiono
sobre o que é ser ou estar feliz e me surpreendo observando que a felicidade é
minha parceira e eu o seu companheiro. Parceiros de todos os momentos, de uma
vida inteira de experiências ricas e maravilhosas. Revendo essa minha trajetória,
surpreendo-me, consciente de que vivi intensamente, saboreei todas as fases e
oportunidades que me foram oferecidas e, se me fosse dado o direito de
escolher, queria reviver muitos momentos, exatamente como e da forma que vivi,
sem mudar absolutamente nada. Como descrever esse sentimento? Como posso chamar
essa sensação de algo que não seja felicidade?
A única certeza que tenho é que continuo na estrada, percorrendo, no meu ritmo, todas as curvas e retas que parecem não ter fim. Não me preocupo com o tempo, pois sei que ele está no comando e tento ainda caminhar a sua frente, sem me preocupar com nada além do necessário. Vivo e saboreio cada segundo, não como se fosse o último, mas sim, como sendo o antecessor do próximo, e com a absoluta certeza de que ainda há tempo.
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