A amizade surge de uma empatia, mas sobrevive de reciprocidade
Passamos uma eternidade ouvindo que precisamos nos colocar no lugar do outro, que devemos em vez de supor perguntar e que a tal da empatia precisa preencher nossas vidas. Mas sempre escuto relatos do quanto é difícil a gente calçar os sapatos do nosso próximo e andar meia légua, seja para sentir o que ele sente, seja para vivenciar sua realidade que por vezes é bastante diferente da minha.
Ao
passar dos anos vamos conquistando experiência, uns amadurecem e outros
conquistam a tão sonhada evolução, mas volta e meia não entendemos porque as
pessoas se comportam do jeito que se comportam. Comportamentos esses que
acabamos perdendo a paciência, tirando nosso sono, nos estressando e na maioria
das vezes sendo atores principais nas nossas sessões de psicoterapia com nossos
Psicólogos.
Se
pararmos para refletir e ampliarmos nossa visão sobre determinados
comportamentos, a gente assume alguns deles que não são nossos, tomamos
decisões baseada na teoria de outras pessoas e acabamos pegando como verdade a
realidade das pessoas em nossa volta. O que de fato é realmente nosso,
genuinamente original e profundo? O quanto temos dos nossos pais? Pelo desejo
inconsciente de sermos diferentes acabamos nos tornando meras cópias,
aprimoradas e atualizadas, é claro.
A
empatia consiste sim em se colocar no lugar do outro, mas advirto aos
navegantes, ansiosos e acelerados! Colocar-se no lugar do outro exige que você
repouse seus óculos na mesa e vista de forma autêntica os pares de lentes do
ser humano a qual deseja vivenciar seus motivos. Na prática da empatia,
aprendemos a expandir nossa mente e vislumbrar o mundo de alguém por sua ótica
e não pela minha.
Que não possamos cair naquele velho ditado popular: “Se eu estivesse em seu lugar eu faria isso, isso e isso…”, vamos nos poupar de tal ato impensado e infantil. Se desejamos nos colocar do outro – uma tarefa difícil, até para os mais habilidosos socialmente – devemos buscar entender como ele agiria e o que o levou a tal escolha ou renúncia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente no blog do Val Cabral.