O Brasil comemorou ontem os 132 anos da proclamação da República. Era 15 de novembro de 1889 quando o alagoano Marechal Deodoro da Fonseca liderou o movimento militar que encerrou o período imperial. Na sequência, o marechal Floriano Peixoto consolidou o governo republicano.
Como
em outros eventos cruciais da história brasileira, a mudança não foi resultado
de mobilização popular. A “proclamação” foi feita sem a participação do povo,
que permaneceu apático, enquanto militares a cavalo marchavam pelas principais
ruas do Centro do Rio de Janeiro.
Depois
dos dois presidentes militares, o poder vai para as mãos dos civis, com
Prudente de Morais e Campos Sales, mas as marcas do império permanecem. O
presidente da República tinha um poder mais nominal que efetivo e delegava o
comando, de fato, à aristocracia rural. Além disso, o índice de participação
eleitoral da República era inferior ao dos últimos anos do período imperial.
Nesses
132 anos de República, ocorreram instabilidades institucionais, regimes de
exceção e ameaças à liberdade de expressão marcando a travessia.
Somente
nas últimas décadas é que o povo começou, de fato, a participar mais da vida
pública. O marco dessa nova fase foi a campanha das Diretas Já, em que a
população saiu às ruas para pedir eleições, que haviam sido suprimidas após o
poder exercido pelos militares em 1964. Desde então temos pela primeira vez na
nossa história mais de trinta anos de democracia sem ruptura.
O
divisor de águas foi a promulgação da nova Constituição Federal, em 1988. No
ano seguinte, os brasileiros retornaram às urnas e quebraram o jejum
democrático. Celebrava-se o direito de eleger o presidente pelo voto direto.
Pode-se dizer que a república brasileira é um projeto em construção. Muitos avanços, alguns retrocessos. Alguns vícios e distorções do nosso sistema político permanecem, mas nada que não pode ser superado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente no blog do Val Cabral.