Resultados de pesquisas, há tempos, foram convertidos em focos de polêmicas apaixonadas que, mais das vezes, findam por prejudicar a adoção de respostas eficientes aos problemas pesquisados. Parecer ser este o caso de recente estudo apresentado pela Confederação Nacional de Municípios, de cujos dados emerge o assustador índice de
98% cidades brasileiras onde o crack marca sua presença como droga de amplo consumo.Há quem conteste, mas a provável variação de percentuais e de critérios sobre o volume consumido não podem empanar uma realidade tão dramática quanto evidente: essa droga está se enraizando em todo Brasil. Por seu baixo preço, o uso desse refugo da cocaína parece se disseminar, cada dia, com mais rapidez e letalidade. Acompanham esse crescimento do vício o aumento dos grupos criminosos envolvidos nesse tráfico e crescem assustadoramente os crimes violentos associados a esse universo viciado.
O percentual pode ser menor do que os 98% encontrados pela pesquisa da CNM, mas é inegável que até nas pequenas cidades de todos os Estados brasileiros têm sido registradas ocorrências diretamente vinculadas ao tráfico e consumo do que na Bahia é conhecido como “nóia”.
Diferentemente das demais drogas mais conhecidas, como maconha, cocaína, ópio, heroína, o crack – por seu baixo custo e pela aparente facilidade de produção e transporte – tem ampliado como nenhum outro entorpecente sua malha de usuários. E, mais perniciosa que o mais pernicioso dos alucinógenos, por sua alta capacidade viciante e por sua letalidade, essa droga precisa de um combate mais duro, mais amplo e mais articulado nacional e internacionalmente.
Precisamos, o mais rápido possível, de uma política específica, de espectro nacional, voltada para reprimir o tráfico de crack e para recuperar suas vítimas.
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