Cabe a cada um de nós a escolha entre o bem e o mal, porque somos livres. Mas, com incapacidade de saber o que fazemos, a intensidade do que fazemos, os destinatários de nossas ações.
Quando pensamos e avaliamos nossas ações, nossos desejos, nossas práticas, suas motivações e, principalmente, as possibilidades de suas consequências, que nunca sabemos exatamente quais serão, somos capazes de evitar o mal; o mal que está ao alcance de qualquer um de nós, o mal banal como musgo que cresce em qualquer superfície, sem garantias e sem exceções. Basta não pensar.
Fico matutando essas coisas, sem nenhum rigor, sem nenhum propósito claro, em uma sexta-feira que anoiteceu com a notícia que rompemos a casa dos duzentos mil mortos e com a tristeza que a notícia acompanha, e a dúvida que não se esvanece: quantos poderiam ser poupados?
Outra implicação curiosa nesse mover sem rumo do pensamento: o sopro foi, na linguagem mágica do melhor significado da vida, da criação: “e Deus soprou o boneco de barro e fez-se homem”. O sopro é, agora, o que mortifica. Não só o medo da doença que vem pelo sopro, mas das coisas que são ditas, mal ditas. “O mal é o que sai da boca do homem”, diz, em algum momento, as Escrituras. E o sofrimento que causam as palavras que ferem como punhais.
O mal não é só a ausência do bem, ou de pensamento. Também é a ausência de cuidado, de carinho, de abraços e beijinhos, tantos quanto os peixinhos do mar e as estrelas no céu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente no blog do Val Cabral.