É com solidariedade e persistência, que venceremos o Covid-19 |
Estaremos todos
empenhados na continuidade da dura batalha individual e coletiva para preservar
as nossas e as vidas dos demais diante do contágio rápido e avassalador do
Covid-19. Travar essa batalha seguindo à risca as recomendações da Organização
Mundial da Saúde e das autoridades médicas e sanitárias é a primeira e mais
efetiva das muitas medidas que teremos de incorporar ao nosso cotidiano daqui
para diante. Mas não serão apenas novos
hábitos de higiene que iremos
transformar em cultura e novos padrões de comportamento. Diferentemente de
outros fenômenos e eventos globais e regionais que em tempos recentes já vinham
chamando nossa atenção pelo seu grau de maior ou menor ameaça à saúde e
bem-estar da humanidade - sem no entanto nos assustar e provocar grandes
reflexões coletivas - a Pandemia do Coronavírus está remetendo essa questão dos
perigos que rondam a humanidade para um outro patamar. Esses perigos foram
sendo caracterizados por cientistas, ambientalistas, técnicos, agentes
governamentais e lideranças da mais diversa natureza, como expressões de uma
crise ambiental planetária e cumulativa causada pela forma não sustentável
através da qual os seres humanos estão produzindo e reproduzindo suas condições
de existência em crescente colisão com os fundamentos da biosfera e do
ecossistema terrestre. As observações e advertências dos estudiosos relativas
aos impactos destrutivos que a exploração predatória e abusiva dos recursos
naturais vem causando, estão encontrando claramente materialidade no fenômeno
do aquecimento global, no advento da nova era de extremos climáticos, na
perigosa poluição dos mares, oceanos, rios, na decrescente qualidade do ar, na
acelerada diminuição e degradação das terras férteis e, sobretudo, na
alucinante perda da biodiversidade planetária, algo que seguramente deve estar,
em última instância, na raiz dos desequilíbrios que estão colocando a
humanidade cada vez mais em estreito contato com vírus e outros microrganismos
capazes de comprometer de maneira impensada a integridade da sociedade atual. Aliada
à temática da crise ambiental planetária e da crítica ao modo crescentemente
irracional através do qual estamos produzindo e consumindo, a chaga da
desigualdade social crescente que condena bilhões de seres humanos a uma vida
insalubre, sem saneamento básico e segurança alimentar, irá também expor as
fragilidades da sociedade mundial frente a mega desafios como é o caso da
presente Pandemia do Coronavírus. Algo que nos lembrará a todos os que estão no
topo da pirâmide social que o planeta é um só e que precisamos corrigir essas distorções
visto que, em última instância, quando se trata da biosfera estamos todos no
mesmo barco e que, portanto, o problema é de todos nós! Como a esperança se
alimenta muito das situações dramáticas, talvez seja um consolo imaginar que,
ao término desse puxão de orelha que a Natureza nos está dando, possamos entrar
em um novo mundo onde as políticas de meio ambiente, bem estar social, gestão
democrática e participativa, produção e consumo sustentáveis e desenvolvimento
científico e tecnológico pacífico e inclusivo entrem finalmente em uma nova
dimensão de absoluta prioridade. E isso para o nosso próprio bem se quisermos
ter futuro enquanto espécie viva.
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