Não podemos aceitar que nossos rios virem esgotos a céu aberto |
O programa
Fantástico, da Rede Globo, exibiu no último domingo uma reportagem especial
sobre o problema do abastecimento d’água em grandes cidades. Megalópoles como
São Paulo, Cidade do Cabo, na África do Sul, e a Cidade do México, estão à
beira de um colapso nesse quesito. Não são, porém, casos isolados. Como se
sabe, a água potável no planeta todo está ficando cada vez mais escassa e,
consequentemente, mais cara. De acordo com a ONU, até 2030 a Terra enfrentará
um deficit de 40% no abastecimento de água. A ONU alerta para a dimensão dos
desafios a serem enfrentados pelos 193 países signatários da Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável, que propõe como uma de suas metas o acesso
universal e equitativo a água potável e segura para todos. O Brasil não escapa
dessa realidade, apesar de ter 12% da água potável do planeta. Em 2015, um em
cada três municípios decretou emergência por causa de estiagem. Segundo o
próprio Ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, nos informou em recente
conversa que tivemos, a irrigação é responsável por 75% do consumo de água no
Brasil. Em segundo lugar, vem o abastecimento animal, que consome 9% da água,
seguido pelo abastecimento dos cerca de 160 milhões de brasileiros que vivem em
áreas urbanas. As mudanças climáticas explicam parte do problema da escassez de
água, mas a situação poderia ser outra se a água fosse tratada de forma
diferente. No Brasil, o saneamento básico, por exemplo, tem indicadores muito
baixos. Cerca de metade dos brasileiros não têm seus esgotos sequer coletados,
e praticamente todos os corpos d’água localizados em áreas urbanas encontram-se
poluídos, como é o caso do Rio Cachoeira, em Itabuna. O grande desafio para os
governantes é regular o uso dos recursos hídricos. Trata-se de implementar uma
nova cultura de cuidado com a água, baseada na corresponsabilidade entre
sociedade e as diferentes instâncias do poder. É preciso assegurar a manutenção
dos ecossistemas que permitem a renovação da água doce, recuperar e proteger as
fontes, reduzir o desperdício, tratar e reutilizar os efluentes. De pequenas
atitudes no cotidiano a complexas ações governamentais, todos os esforços são
necessários para assegurar o direito à água potável. Os governos têm a tarefa
de garantir o tratamento e o abastecimento de água e a coleta e o tratamento do
esgoto sanitário. Ao cidadão comum cabe usar de forma consciente esse recurso
natural imprescindível à vida.
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