Chega de presidentes que só cuidam dos seus partidos e máfias |
A fila de
desempregados em busca de emprego impressiona; dá voltas como um faminto
caracol humano no centro da capital de São Paulo. Uma reportagem de televisão
mostrou hoje, quase seis mil pessoas, ao relento, na tentativa de obter uma das
1800 vagas ofertadas pelo Sindicato dos Comerciários há poucos dias. Imagem de
um país que insiste numa reforma trabalhista, iniciada no final do ano passado,
que, segundo o governo, seria a redenção econômica. Só que a taxa de desemprego
atingiu 14 milhões de pessoas nos primeiros meses deste ano, desmentindo o que
ainda diz a propaganda oficial sobre flexibilização da jornada de trabalho,
negociação direta, jornada intermitente, redução do horário de almoço e
descanso, permissão de trabalho insalubre, retrocessos que permitiriam que as
empresas voltassem a contratar. Não contrataram, a situação permanece
dramática. Na contramão disso tudo houve um aumento do trabalho informal, desde
as sofisticadas barracas de lanches, de frutas e verduras espalhadas pelas ruas
das cidades do país. O brasileiro recorre à criatividade para driblar a crise.
No caso dos ambulantes, evidencia-se um problema não apenas social, mas também
de ordenamento urbano, o que provoca dor de cabeça nos administradores
públicos. O antigo “rapa” voltou a agir, como último recurso para que os
vendedores fiquem restritos às áreas delimitadas; quem não cumpre tem a
mercadoria apreendida, e o que é apreendido, muitas vezes é o que mantém a
família e paga as contas. Peças publicitárias, discursos de empresários,
artigos de economistas atrelados ao mercado apontavam que a reforma trabalhista
geraria mais de um milhão de empregos em 2018. Tiro na água! A reforma só
serviu, até agora, para precarizar os contratos de trabalho vigentes, aumentar
o desemprego e jogar trabalhadores na informalidade. As empresas, que prometiam
investir, recuaram. Isso deve levar a uma economia crescendo menos. A fila de
empregos vista em São Paulo demonstra o drama por qual passam milhões de
brasileiros todos os dias. A dolorosa jornada de pedidos e respostas negativas
de quem quer apenas viver com dignidade, sem escaramuças. Todos querem seguir
as regras e prosperar, mas quando as regras são quebradas e as esperanças se
esvaem, é tempo de pensar numa nova ordem, cujo centro de decisões seja
verdadeiramente os interesses do povo.
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