Será que Isaac será apenas mais um mero sorteador de óbitos? |
Em menos de um ano e meio, Itabuna está com seu
terceiro secretário de Saúde. Isaac Nery, foi empossado na semana passada, pelo
prefeito Fernando Gomes (Cuma), em substituição ao antecessor, Deivis Guimarães,
que já havia sucedido Lísias Miranda. Lísias não melhorou nada no setor, que já
encontrou asfixiado e Deivis não deixou o setor melhor para Isaac. A fala do
novo secretário em sua posse, apenas repetiu o que garantiram seus dois
antecessores: “O nosso olhar vai ser para que os programas funcionem bem,
ampliando a estratégia da saúde da família, fazendo uma atenção básica de
verdade”. O novo secretário reconheceu as dificuldades enfrentadas pela
administração municipal e estacou que o objetivo da sua gestão será voltado a
“economizar e gastar com eficiência, para poder investir na atenção básica e em
projetos essenciais à melhoria da qualidade de vida da população”, destacou.
Tudo muito parecido com o que disse Lísias e Deivis. Mudam dirigentes na
secretaria, mas o drama não muda na Saúde. Quem passa o portão que separa o
mundo externo do Hospital de Base Luiz Eduardo Magalhães (Hblem), sente na pele
o caos da saúde pública em Itabuna. Os corredores são ladeados de doentes em
macas e cadeiras, a respirar uma atmosfera pesada de doença e descaso. Não há espaço,
médicos, enfermeiros, ventilação ou leitos suficientes. São poucos os
cirurgiões que se revezam para atender como podem centenas de pacientes que
adentram o setor de emergência todo dia. São milhares atendidos ali todo mês e o
hospital é referência para 131 municípios e cerca de 3 milhões de pessoas. “É o
que chamamos de ambulancioterapia”, ironiza um médico do Hblem. “Não tem
estrutura para dar conta, então atendemos na ambulância mesmo”. Na espera por
uma improvável vaga na UTI, há homens e mulheres infartados, com derrame e traumatismo
a disputar no critério da gravidade a internação. Se na maior cidade mais
populosa do sul da Bahia, com mais de 220 mil habitantes, a saúde é um caos, o
que dizer dos ao menos 40 municípios da micro região cacaueira, que não dispõem
médicos suficientes, como mostra um levantamento feito pela Frente Nacional de
Prefeitos (FNP)? Não à toa, a falta de médicos nos hospitais públicos é a
principal queixa dos usuários do Sistema Único de Saúde. Há várias cidades
sulbaianas que não fazem sequer procedimentos cirúrgicos de emergência, ou
mesmo partos. Seus postos de saúde servem apenas de centrais de distribuição de
pacientes para os já superlotados hospitais de referência de Itabuna. Os enfermeiros
e poucos médicos dessas cidades, são obrigados a enfiar o paciente numa
ambulância, no carro de alguém e torcer para ele chegar vivo a Itabuna. Se não
tiver vaga, tem de ligar para um amigo do hospital e implorar para ele aceitar
o paciente. Senão ele chega ao hospital, mas morre na porta. É uma loteria. Enquanto
continua a discussão sobre como resolver os graves problemas de Saúde Pública
na maior cidade do sul da Bahia, sem prazo para alcançar resultados, a vida e a
morte seguem lutando numa dança macabra que parece não ter fim. Os médicos
continuarão sorteando quem vive e quem morre”. Até quando? Com a resposta,
Isaac Nery.
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