O erário atrai Cuma e ele trai quem o faz se sentir um rei! |
Imagine uma cidade bem distante onde o
prefeito, como se fosse um rei, se esforça para ganhar a admiração dos seus
súditos. Não mede esforços em divulgar as realizações do seu governo. Quer
deixar o seu nome na história do município, pelo menos não sair pela porta dos
fundos. Com muita pompa, junta a população na praça e, com ajuda de seus
assessores e lacaios, faz um discurso que inebria a todos. Anuncia que fará
grandes obras. Que a cidade terá teatro, entro de convenções, barragem e
asfalto para pavimentar todas as ruas. Bravata e esbraveja que foi quem mais
construiu escolas, postos médicos e que não há ninguém mais honesto do que ele
em seu reinado. Com tantas realizações em tão pouco tempo, o rei se coloca como
o homem que sozinho, sem dispor de um tostão dos impostos pagos pela população,
mudou a face do reino. Diante de tantas notícias boas e favoráveis o que ele
espera dos súditos é que vivam felizes para sempre. Para isso precisa esconder
os números ruins do seu reinado. Contrata os mais fantásticos manipuladores de
números e opiniões. Ainda assim, a realidade insiste em desmenti-lo. Um a cada
quatro súditos não consegue emprego e as lojas e fabricas fecham suas portas. As
filas dos postos de saúde são imensas e a qualidade do ensino ruim. O rei fecha
restaurante popular, agencia de emprego e abandona banco de alimentos, Caps, Creads
e centro social. Por mais impostos que os súditos paguem não são capazes de saciar
a fome de uma máquina governamental imensa a que o povo chama de saco sem
fundo. Os súditos ficaram sem saber em quem acreditar. Se na palavra do rei
anunciada com pompa, circunstância e clarins, ou nas notícias divulgadas. Como
pode o reino viver as duas realidades ao mesmo tempo? Uma delas só pode ser
fruto da fantasia. O reino se dividiu entre os que proclamavam a volta do
crescimento, da bonança, dos bons tempos e os que insistiam em dizer que tudo
está insustentável e o reino vive em uma crise sem precedentes. Depois de
árduos debates nas praças, mercados, estrebarias, roças de cacau, pocilgas e
estábulos, chegaram à conclusão que uns veem o copo meio cheio e outros meio
vazio. Otimistas versos pessimistas. Diante da persistência do impasse apelaram
para um Velho Bruxo. Depois de algum tempo de reflexão ele disse que havia uma
terceira visão sobre o copo. A questão não era discutir a quantidade de líquido.
Se ele estivesse cheio de um veneno mortal, mesmo tendo sido esvaziado na
metade, a outro metade continuava perigosa. Beber o copo cheio ou apenas metade
dele certamente provocariam o mesmo resultado. Ou o povo se rebela, ou terá que
permanecer bebendo do veneno do rei, ou comendo o pão que Cuma amassou!
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